Os orixás em cena: reflexões acerca dos procedimentos dramatúrgicos da trilogia teatral 3 mulheres de Xangô, de Zora Seljan
Resumo
Em meados dos anos 1950, a dramaturga brasileira Zora Seljan (1918-2006) concebeu a trilogia teatral 3 Mulheres de Xangô - com as peças Oxum Abalô; Iansan, Mulher de Xangô e A Orelha de Obá. Partindo de seus estudos sobre a tragédia grega, Seljan inspirou-se na mitologia dos orixás, em formas litúrgicas do candomblé e em práticas performativas afro-brasileiras, expressando nessa trilogia seu projeto de criar um teatro com características nacionais. Neste artigo, reflito sobre os procedimentos dramatúrgicos adotados pela autora na trilogia, onde cenas dialogadas e momentos musicais se alternam. Sendo o coro um elemento constante nas três peças, focalizo a presença do coro e as funções que ele exerce. Além das peças em si, norteiam esta reflexão os dados coletados no arquivo pessoal de Seljan (Fundação Casa de Rui Barbosa-RJ) e em outras fontes arquivísticas, bem como, pesquisas de campo de práticas performativas afro-brasileiras e referências bibliográficas pertinentes. Este artigo é parte de minha pesquisa de doutorado, a qual busca iluminar a produção teatral de Zora Seljan, cuja trajetória está ligada a diferentes áreas da criação e produção teatral.Referências
BARTHES, Roland. O Óbvio e o Obtuso: ensaios críticos III. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990.
BRECHT, Bertolt. “Pequeno Organon para o Teatro”. In: BRECHT, Bertolt. Estudos sobre teatro: Para uma arte dramática não-aristotélica. Coligidos por Siegfried Unseld. Lisboa: Portugália, s.d. p. 159-215.
CARDOSO, Ângelo Nonato Natale. A Linguagem dos Tambores. Tese (Doutorado em Etnomusicologia) – Escola de Música, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2006.
CARVALHO, João Jorge. O lugar da cultura tradicional na sociedade moderna. O Percevejo, Rio de Janeiro, n. 8, ano 8, p. 19-40, 2000.
LIGIÉRO, Zeca. Corpo a corpo: Estudo das performances brasileiras. Rio de Janeiro: Garamond, 2011.
LIMA, Vivaldo da Costa. O candomblé da Bahia na década de 1930. Revista Estudos Avançados, São Paulo, v. 18, n. 52, pp. 201-221, dez. 2004. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/eav/article/view/10032/11604. Acesso em: 18 jul. 2019.
MESQUITA, Priscila de A. S. Zora Seljan e o Conjunto Folclórico Teatro de Oxumarê: um primeiro olhar sobre o arquivo pessoal de Zora Seljan. ABRACE: CELEBRANDO A DIVERSIDADE, X, 15-20 out. 2018, Natal/ RN. Anais... [...], v. 19, n. 1. Natal: Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Artes Cênicas, 2018. Disponível em: https://www.publionline.iar.unicamp.br/index.php/abrace/article/view/3972. Acesso em: 20 ago. 2019.
PRANDI, Reginaldo. Mitologia dos Orixás. Ilustrações de Pedro Rafael. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
RABETTI, Beti. Memória e culturas do “popular” no teatro: o típico e as técnicas. O Percevejo, Rio de Janeiro, n. 8, ano 8, p. 3-18, 2000.
ROMILLY, Jacqueline de. A Tragédia Grega. Tradução de Ivo Martinazzo. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1998.
ROSENFELD, Anatol. O Teatro Épico. São Paulo: Perspectiva, 1985.
SANTOS, Maria Stella de Azevedo [Mãe Stella Odé Kaiodê]. Meu Tempo é Agora. Salvador: Assembleia Legislativa do Estado da Bahia, 2010.
SELJAN, Zora. 3 mulheres de Xangô e outras peças afro-brasileiras. São Paulo: IBRASA; Brasília: INL, 1978.
SELJAN, Zora. A mitologia dos orixás no teatro [recorte de jornal]. Jornal da Cidade, [s.l.], [199-?]. Rio de Janeiro: Arquivo pessoal de Zora Seljan, AMLB/FCRB, Caixa PIM 21.
SELJAN, Zora. [Carta] 14 mar. 1956, Rio de Janeiro [para] VERGER, Pierre, [s.l.]. Salvador: Fundação Pierre Verger (FPV).