Mulheres na criação de solos autobiográficos: experimentação, estudo e descoberta
Resumo
Na presente pesquisa, busca-se traçar uma possível gênese da prática da escrita autobiográfica, que remonta ao Renascimento, perpassa a ideia de "Bildung" dos século XVIII e XIX, para culminar na performance solo autobiográfica feminina, que torna-se um tipo de criação muito relevante a partir dos anos 1960, sob o slogan "O pessoal é político". Sua importância artística, social, política e seus desdobramentos na produção de conhecimento são investigados a partir de três eixos de análise: experimentação, estudo e descoberta. Experimentação, enquanto possibilidade de trabalho investigativo em primeira pessoa, espelhando o viés praticado pela arte autobiográfica. Estudo, via a reflexão sobre os temas ali tratados: autobiografia, arte da performance e epistemologias feministas; visto seu forte questionamento dos modelos de produção de conhecimento construídos a partir de estruturas que, de modo geral, privilegiam processos racionais, em detrimento dos enfoques com maior ênfase subjetiva. Descoberta, adotando como estratégia metodológica a escrita do diário pessoal; tanto repositório de explorações, quanto motivador para novas ações e fonte de transmissão, conforme se dá nos solos autobiográficos.
Referências
AGAMBEN, Giorgio. Profanações. São Paulo: Boitempo, 2007.
ALCÁZAR, Josefina. La performance autobiográfica - La intimidad como práctica escénica. Efímera Revista, Espanha, v. 6, nov. 2015. Disponível em: http://www.efimerarevista.es/efimerarevista/index.php/efimera/article/view/21. Acesso em: 10 dez. 2020.
BERNSTEIN, Ana. A performance solo e o sujeito autobiográfico. Sala Preta, Brasil, v. 1, p. 91-103. sep. 2001. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/salapreta/article/view/57010/60007. Acesso em: 10 dez. 2020.
CALSONE, Caroline Baptiston. Diário de processo. 2020. (material não publicado)
COESSENS, Kathleen. A arte da pesquisa em artes: traçando práxis e reflexão. Art Research Journal / Revista de Pesquisa em Arte, ABRACE, ANPAP E ANPPOM, em parceria com a UFRN, 2014. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/artresearchjournal/article/view/5423/4421. Acesso em: 10 dez. 2020.
CORNAGO, Óscar. Politicas de la palabra. Espanha: Editorial Fundamentos, 2005.
______________. Atuar de verdade: a confissão como estratégia cênica. Revista Urdimento, n. 13, set. 2009. Disponível em: https://revistas.udesc.br/index.php/urdimento/article/view/1414573102132009099/9433. Acesso em: 10 dez. 2020.
CORREIO DO POVO. Angélica Liddell: “A beleza é um ato de terrorismo contra a intolerância”. Jornal Correio do Povo online, 13/09/2017. Disponível em: https://www.correiodopovo.com.br/blogs/di%C3%A1logos/ang%C3%A9lica-liddell-a-beleza-%C3%A9-um-ato-de-terrorismo-contra-a-intoler%C3%A2ncia-1.313033. Acesso em: 10 dez. 2020.
FABIÃO, Eleonora. Performance e teatro: poéticas e políticas da cena contemporânea. In: Sala Preta, Revista de Artes Cênicas, nº 8, p. 235 a 246. São Paulo: Departamento de Artes Cênicas, ECA/USP, 2008. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/salapreta/article/view/57373/60355. Acesso em: 10 dez. 2020.
_____________. Programa performativo: o corpo-em-experiência. Revista do LUME, n. 4, dez 2013. Disponível em: https://www.cocen.unicamp.br/revistadigital/index.php/lume/article/view/276. Acesso em: 10 dez. 2020.
_____________. Corpo cênico, estado cênico. Revista Contrapontos - Eletrônica, vol. 10, n. 3, p. 321-326, 2010. Disponível em: https://siaiap32.univali.br/seer/index.php/rc/article/view/2256/1721. Acesso em: 10 dez. 2020.
FIGUEIREDO, Eurídice. Mulheres ao espelho: autobiografia, ficção, autoficção. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2013.
FINLEY, Karen. “The Constant State of Desire”: In: ____. Shock treatment. San Francisco: City Light Books, 1990.
FISCHER-LICHTE, Erika. The transformative power of performance. London and New York: Routledge, 2008
GIL, Maria. A intimidade em performances autobiográficas. Cadernos PAR, v. 6, p. 104-123, Portugal, Out. 2015. Disponível em: https://iconline.ipleiria.pt/bitstream/10400.8/2404/1/8.%20Maria%20Gil.pdf. Acesso em: 10 dez. 2020.
HUGHES, Holly e ROMÁN, David. Solo Homo: the new queer performance. Nova Iorque: Grove Press, 1998.
JODOROWSKY, Alejandro. Psicomagia. São Paulo: Devir Livraria, 2009.
KILOMBA, Grada. Memórias da plantação - Episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019.
KRISTEVA, Julia. História da linguagem. Lisboa: Edições 70, 1970.
_________. No princípio era o amor: psicanálise e fé. Campinas, SP: Verus, 2010
LEITE, Janaina Fontes. Autoescrituras performativas: do diário à cena. São Paulo: Perspectiva: Fapesp, 2017.
_____. Pesquisadora em foco. Entrevista concedida por Janaína Leite a Daniele Avila Small, Luciana Eastwood Romagnolli e Sílvia Fernandes, 5 de março de 2020. Disponível em: https://mitsp.org/2020/entrevista-com-janaina-leite/. Acesso em: 10 dez. 2020.
LIDDELL, Angélica. Abraham y el sacrificio dramático. In: ____. Repensar la dramaturgia - Errancia y transformación. Madrid: Centro Párraga (CENDEAC), 2011.
LIPPARD, Lucy. No regrets: an art critic looks back on the hard-wom achievements of feminist art and the current state of its legacy. Art in America International Review. New York: p. 1-9, jun/jul, 2007. Disponível em: https://www.artnews.com/art-in-america/features/from-the-archives-no-regrets-63252/. Acesso em: 10 dez. 2020.
LORDE, Audre. Irmã outsider. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2019.
MULVEY, Laura. Visual Pleasure and narrative cinema. In: BAUDRY. Leo; COHEN, Marshall (Eds). Film theory and criticism: introductory readings. New York: Oxford UP, 1999. p. 833-844.
QUINLAN, Susan C. A Obscena Senhora de "Fever-103": Hilda Hilst lendo Sylvia Plath. Leitura: revista do Programa de Pós-Graduação em Letras, Número especial de Literatura, no. 18, Maceió, Federal de Alagoas, p. 175-186, 2o. semestre 1996. Disponível em: https://www.seer.ufal.br/index.php/revistaleitura/article/download/6833/5416. Acesso em: 15 dez. 2020.
ROLNIK, Suely. Pensamento, corpo e devir: uma perspectiva ético/estético/política no trabalho acadêmico. Cadernos da Subjetividade, Dossiê Linguagens, v.1, n. 2, p. 241-252, 1993. Disponível em: https://www.pucsp.br/nucleodesubjetividade/Textos/SUELY/pensamentocorpodevir.pdf. Acesso em: 15 dez. 2020.
SELIGMANN-SILVA, Márcio. O local da diferença: ensaios sobre memória, arte, literatura e tradução. São Paulo: Editora 34, 2018.