Práticas para uma apreciação coreográfica feminista
Resumo
Este artigo pretende refletir sobre uma proposta de curadoria feminista para o visionamento de obras durante a disciplina “Tópicos Especiais em Apreciação coreográfica” dos cursos de Dança da UFRJ, realizada remotamente durante o período pandêmico, referente ao 2o. semestre de 2020, ministrada pela Profa. Dra. Lígia Tourinho e por sua orientanda mestranda Flora Bulcão, estagiária docente da disciplina. A pergunta norteadora desta curadoria foi: Como as questões feministas ou que reivindicam algum tipo de paridade de gênero aparecem em trabalhos de dança apresentados na última década? Notadamente a cena de dança brasileira é povoada pela presença de mulheres, mas isso não significa realizar trabalhos com essa reivindicação. Para tal, nos debruçamos sobre algumas danças realizadas por mulheres que abordam essa pauta. Selecionamos uma relação de obras de mulheres brasileiras, considerando a importância de uma pluralidade de cores e formas entre elas, fugindo do estereótipo ou exagerando ele ainda mais, exatamente para denunciá-lo. Ao conjugarmos esta temática a uma metodologia horizontal, com base no debate ancorado por princípios somáticos e pela comunicação não violenta, nos indagamos se estamos construindo um caminho metodológico feminista. Abordaremos a temática apresentada refletindo sobre a performatividade dessas danças e suas potências dentro das discussões feministas.
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