A presença cênica da arte-de-smioni: uma duplicação do próprio ator
Resumo
Este artigo tem como objetivo compartilhar uma parte de minha pesquisa de doutoramento que ainda se encontra em andamento. Para tanto, venho analisando a possibilidade da presença cênica do ator ser um possível “duplicação” do próprio, no qual não há mais limites entre a arte e a vida do artista, restando, apensas, a sua manifestação ontológica e unívoca da verdade. Essa discussão tem como aporte metodológico a observação e análise da presença cênica do ator-pesquisador Carlos Simioni (LUME Teatro) mediante, especialmente, a participação deste no projeto A.P.A. (Ateliê de Pesquisa do Ator) - que é promovido pelo Centro Cultural Sesc/Paraty desde 2014. Apartir desse interesse a pesquisa pode debruçar-se sobre o Método do Corpo Sensível, na perspectiva de Simioni, por meio da sistematização de uma série de práticas para o trabalho do ator e, assim, vislumbrar possibilidades de diálogo com a “estética da existência” (FOUCAULT, 2011). Na perspectiva teórica, evidentemente, temos como principal interlocutor o filósofo francês Michel Foucault, principalmente no que concerne a sua terceira e última fase: a constituição dos modos de ser do sujeito. Ademais, apresento, portanto, conclusões parciais que nos levam a crer na possibilidade da artesania do ator servir como “trampolim” para uma possível arte-em-vida.
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