Para além do pesadelo: a procura por uma dramaturgia de terror no teatro
Resumo
O trabalho desenvolvido parte do seguinte questionamento: é possível criar uma obra de terror no teatro? Compreendendo a relevância do gênero horror para a arte e a sociedade ao longo do tempo e valendo-se de sua relação direta com o gênero fantástico (TODOROV, 1992), através de uma pesquisa empírica aliada à teoria, foi investigado e elaborado o conceito operatório Terror Artístico, salientando as diferenças entre horror e terror (VARMA, 1957; RADCLIFFE, 1826; KING, 1981) com o intuito de valorizar o reconhecimento e a produção de uma experiência estética singular voltada ao medo, à perturbação imaginativa, ao fascínio e à expectativa. A partir disso, são apresentadas possibilidades para encenar uma obra enquadrável neste conceito, com enfoque na dramaturgia cênica, sendo esta considerada o fio narrativo baseado em escolhas feitas para sua composição; o meio estruturador da elaboração teatral contemporânea. Como recurso efetivo para a produção estética pretendida, a imersão (BOUKO, 2016) é apresentada como uma pista inicial e essencial, e dela, são elencadas etapas para auxiliarem na construção cênica, na tentativa de desmistificar tal confecção. Dentre os objetivos traçados para este estudo estão a vontade de explorar novos caminhos para o teatro e a importância do reconhecimento do Terror Artístico por estas e pelas artes no geral, salientando sua potência mobilizadora poética e social.
Referências
ARISTÓTELES; LONGINO, Dionísio. A Poética Clássica. 2a edição. São Paulo: Cultrix, 1991.
BAUMAN, Zygmunt. Medo líquido. São Paulo: Editora Schwarcz-Companhia das Letras, 2008.
BENJAMIN, Walter. Sobre arte, técnica, linguagem e política. 3a edição. Lisboa: Relógio D'Água, 1992
BOUKO, Catherine. Immersive theater: A definition on three levels. Artigo, Societes, 2016.
BURKE, Edmund. Investigação filosófica sobre a origem de nossas ideias do sublime e da beleza. 1ª Edição. São Paulo: Edipro, 2014.
CÁNEPA, Laura Loguercio. Medo de quê? Uma história do horror nos filmes brasileiros. Tese. São Paulo: UNICAMP, 2008.
CARROLL, Nöel. A filosofia do horror ou os paradoxos do coração. 1a edição. São Paulo: Papirus, 1999.
DURAND, Gilbert. As Estruturas Antropológicas do Imaginário. 3a edição. São Paulo: Martins Fontes, 1997
FREUD, Sigmund. O infamiliar [Das Unheimliche]–Edição comemorativa bilíngue (1919-2019): Seguido de O Homem da Areia de ETA Hoffmann. 6a edição. São Paulo: Autêntica, 2019.
KING, Stephen. Dança Macabra. 1a Edição. São Paulo: Ponto de Leitura, 1981.
LOVECRAFT, Howard Phillips. O Horror Sobrenatural na Literatura. 4a edição. São Paulo. Iluminuras, 1973.
PAVIS, Patrice. Dicionario de Teatro. 2a edição. São Paulo: Perspectiva, 1987.
RADCLIFFE, Ann. On The Supernatural in poetry. Vol 16 da New Monthly Magazine. Londres, 1826.
RADCLIFFE, Ann; BALIEIRO, Marcos. Do Sobrenatural na Poesia. Artigo. Rio de Janeiro: Prometheus-Journal of Philosofy, 2019
RANCIÈRE, Jacques. El espectador emancipado. 4a edição. Argentina: Ediciones Manantial, 2010.
TODOROV, Tzvetan. Introdução à literatura fantástica. 2a edição. São Paulo: Perspectiva, 2004.
ZANINI, Claudio. O perverso e o gótico em jogos mortais. Revista Abusões, e-ISSN: 2525-4022. 2015.