Turma DE016 - Cinema de Ficção Científica - Turma A

Nome

Cinema de Ficção Científica

Subtítulo

O cinema brasileiro de FC

Cód. Disciplina - Turma

DE016 - A


Sala Sala SM02 - PB - DAC
Acompanhamento com disciplina da Graduação? Não
Oferecimento DAC Terça-feira das 14 às 17

Dados da disciplina

Nome DE016 - Cinema de Ficção Científica
Programa Multimeios
Nível Pós-graduação
Crédito 3
Total de Horas Atividades Teóricas 45
Total de Horas Atividades Prática 0
Total de Horas Laboratório 0
Total de Horas Atividades Orientadas 0
Total de Horas Atividades à Distância 0
Total de Horas Atividades Orientadas de Extensão 0
Total de Horas Atividades Práticas de Extensão 0
Total de Horas/Aula Semanais 0
Total e Horas/Aula Realizadas em Sala de Aula 0
Hora Estudo 0
Hora Seminário 0
Oferecimento IA

Curso oferecido remotamente (online).

Docentes

Alfredo Luiz Paes de Oliveira Suppia

Critério de Avaliação

Cada aluno deve produzir um artigo ou peça de crítica, entre 3000 e 5000 palavras, podendo ser resultado de trabalho em co-autoria.

Bibliografia

Bibliografia básica:
ALTMAN, Rick. A Semantic/Syntactic Approach to Film Genre. Cinema Journal, Vol. 23, No. 3

(Spring, 1984), pp. 6-18.

_____. A Semantic/Syntactic Approach to Film Genre. In: GRANT, Barry Keith (Ed.). Film Genre Reader II. Austin: Univ. of Texas Press, 1986, pp. 26-40.

_____. Film/Genre. London: BFI, 1999.

ANGENOT, Marc. The Absent Paradigm: An Introduction to the Semiotics of Science Fiction (Le Paradigme absent, éléments d'une sémiotique de la SF). Science Fiction Studies (1979) Volume: 6, Issue: 1, Pages: 9-19.

BAXTER, John. Science Fiction in the Cinema. New York: A.S. Barnes & Co./London: A. Zwemmer Ltd. 1970.

BEJA, Morris; PLANK, Robert; EISENSTEIN, Alex. Three Perspectives of a Film. In:

BRITO, Mário da Silva. Ângulo e Horizonte - de Oswald de Andrade à Ficção-Científica. São Paulo: Martins, 1969.

_____. Introdução. In: SILVA, Fernando Correia da (org.), Maravilhas da ficção científica. São Paulo: Cultrix, 1958.

CLARESON, Thomas D. (Ed.) SF: The Other Side of Realism. Bowling Green: Bowling Green Univ. Press, 1971, pp. 263-271.

BOGDANOFF, Igor e Grichka. L’Effet Science-Fiction. Paris: Editions Robert Laffont, 1979. BROSNAN, John. The Primal Screen: A History of Science Fiction Film. London: Orbit, 1991.

BUSCOMBE, Edward “A idéia de gênero no cinema americano”. In: RAMOS, Fernão (org.) Teoria contemporânea do cinema: documentario e narratividade ficcional. Vol. II. São Paulo: Editora Senac, 2005.

CARNEIRO, André. Introdução ao Estudo da “Science Fiction”. São Paulo: Conselho Estadual de Cultura/Comissão de Literatura, 1967.

CARR, Terry. “Realidades superiores ou como escrever ficção científica sem saber muita coisa de ciência”, Isaac Asimov Magazine, no 13. Rio de Janeiro: Record, pp. 170-178.

CLARESON, Thomas D. (Ed.) SF: The Other Side of Realism. Bowling Green: Bowling Green Univ. Press, 1971.

CORNEA, Christine. Science Fiction Cinema: Between Fantasy and Reality. Edinburgh: Edinburgh Univ. Press, 2007.

CAUSO, Roberto de Sousa. Ficção Científica, Fantasia e Horror no Brasil: 1875 a 1950. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.

_____. “The Frankenstein Continuum” Inédito, cópia cedida pelo autor.

_____ (org.). Historias de Ficção Científica. São Paulo: Ática, 2005.

COSTELLO, John. Science Fiction Films. New York: Pocket Essentials, 2004.

CSICSERY-RONAY JR., Istvan. “The Seven Beauties of Science Fiction. Science Fiction Studies, #70, vol. 23, part 3, Nov/1996. disponível em http://www.depauw.edu/sfs/

CUNHA, Fausto. A Ficção Científica no Brasil: Um planeta quase desabitado. In: ALLEN, L. David. No Mundo da Ficção Científica. São Paulo: Summus, 1976.

DUFOUR, Eric. O Cinema de Ficção Científica. Lisboa: Texto & Grafia, 2012.

ECO, Umberto. “A inovação no seriado”. In: IDEM, Sobre os Espelhos e Outros Ensaios. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989.

FERREIRA, Rachel Haywood. “The First Wave: Latin American Science Fiction Discovers Its Roots”. Science Fiction Studies #103, vol. 34, part 3, Nov 2007, pp. 432-462.

FRANKLIN, H. Bruce. What is science fiction – and how it grew. In: GUNN, James; BARR, Marleen S.; CANDELARIA, Matthew (Eds.). Reading Science Fiction. New York: Palgrave McMillan, 2009, pp. 23-32.

GINWAY, M. Elizabeth. Ficção Científica Brasileira: Mitos culturais e nacionalidade no país do futuro. Sãp Paulo: Devir, 2005.

_____. “A Working Model for Analyzing Third World Science Fiction”. Science Fiction Studies, no 97, vol. 32, parte 3, novembro 2005, p. 467-494.

GODOY OTERO, Léo. Introdução a uma Historia da Ficção Científica. São Paulo: Lua Nova, 1987.

GUNN, James; CANDELARIA, Matthew (Eds.). Speculations on Speculation: Theories of Science Fiction. Lanham: Scarecrow Press, 2005.

GUNN, James; BARR, Marleen S.; CANDELARIA, Matthew (Eds.). Reading Science Fiction. New York: Palgrave McMillan, 2009.

GUNN, James. Toward a Definition of Science Fiction. In: GUNN, James; CANDELARIA, Matthew (Eds.). Speculations on Speculation: Theories of Science Fiction. Lanham: Scarecrow Press, 2005, pp. 5-12.

HARDY, Phil. The Overlook Film Encyclopedia: Science Fiction. New York: Overlook, 1995, 3a edição.

HODGENS, Richard. A Short Tragical History of Science Fiction Film. In: CLARESON, Thomas D. (Ed.) SF: The Other Side of Realism. Bowling Green: Bowling Green Univ. Press, 1971, pp. 248-262.

JAMES, Edward and MENDLESOHN, Farah (eds.) The Cambridge Companion to Science Fiction. Cambridge: Cambridge Univ. Press, 2003.

JOHNSTON, Keith M. Science Fiction Film: A critical introduction. Oxford/New York: Berg, 2011.

KAGARLITSKI, Julius. Realism and Fantasy. In: CLARESON, Thomas D. (Ed.) SF: The Other Side of Realism. Bowling Green: Bowling Green Univ. Press, 1971, pp. 29-52.

METZ, Christian. O Significante Imaginario: Cinema e Psicanalise. Lisboa: Horizonte, 1980.

NEALE, Steve. Genre and Hollywood. London/New York: Routledge, 2000.

_____. ‘You’ve Got To Be Fucking Kidding!’: Knowledge, Belief and Judgement in Science Fiction. In: REDMOND, Sean (Ed.). Liquid Metal: The Science Fiction Film Reader. New York: Columbia Univ. Press, 2007, pp. 11-16.

PAZ, Mariano. South of the future: An overview of Latin American science fiction cinema. Science Fiction Film and Television, Volume 1, Issue 1, Spring 2008, pp. 81-103 (Article)

_____. Vox politica: acousmatic voices in Argentinean science fiction cinema. New Review of Film and Television Studies, Volume 9, 2011 - Issue 1: Sounding Science Fiction, pp.

PHILMUS, Robert M. Visions and Re-Visions: [Re]constructing Science Fiction. Liverpool: Liverpool Univ. Press, 2005.

POHL, Frederik. “The Study of Science Fiction: A Modest Proposal”. Science Fiction Studies, #71, vol. 24, part 1, Mar/1997, disponível em http://www.depauw.edu/sfs/

RABKIN, Eric. Defining science fiction. In: GUNN, James; BARR, Marleen S.; CANDELARIA, Matthew (Eds.). Reading Science Fiction. New York: Palgrave McMillan, 2009, pp. 15-22.

RICKMAN, Gregg (ed.). The Science Fiction Film Reader. New York: Limelight Editions, 2004. ROBERTS, Adam. Science Fiction. London: Routledge, 2000.

_____. A Verdadeira História da Ficção Científica: Do preconceito à conquista das massas. São Paulo: Seoman, 2018.

SONTAG, Susan. “A imaginação da catástrofe”. In: Contra a Interpretação. Porto Alegre: L&PM, 1987.

SANZ, José (ed.). FC Simposio. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Cinema, 1969.

SCHATZ, Thomas. The Structural Influence: New Directions in Film Genre Study. In: GRANT, Barry Keith (Ed.). Film Genre Reader II. Austin: Univ. of Texas Press, 1986, pp. 91-100.

SCHOEREDER, Gilberto. Ficção Científica. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1986.

SEARLES, Baird. Films of Science Fiction and Fantasy. New York: AFI Press/Harry N. Abrams, Inc., 1988.

SICLIER, J. e LABARTHE, A. S. Cinema e Ficção Científica. Lisboa: Editorial Áster, [s.d.].

SKORUPA, Francisco Alberto. Viagem às Letras do Futuro - Extratos de bordo da ficção científica brasileira: 1947-1975. Curitiba: Aos Quatro Ventos, 2002.

SOBCHACK, Vivian. Screening Space: The American Science Fiction Film. New York: Ungar, 1987.

STABLEFORD, Brian. Narrative strategies in science fiction. In: GUNN, James; BARR, Marleen S.; CANDELARIA, Matthew (Eds.). Reading Science Fiction. New York: Palgrave McMillan, 2009, pp. 33-42.

SUPPIA, Alfredo. Ficção científica no cinema brasileiro: que bicho é esse?. In: Bernadette LYRA; Gelson SANTANA. (Org.). Cinema de Bordas. São Paulo: A Lápis, 2006, v. 1, p. 16-41.

_____. Science Fiction in the Brazilian Cinema: A Brief Overview. Film International, v. 6, p. 6- 13, 2008.

SUPPIA, Alfredo; REIS FILHO, Lúcio. Draft for a Critical History of Argentine Science Fiction Cinema. SFRA Review #297, pp. 23-29. Available at http://www.sfra.org/resources/sfra- review/297.pdf

_____. Atmosfera Rarefeita: A ficção científica no cinema brasileiro. São Paulo: Devir, 2013.

_____. (org.). Cartografias para a Ficção Científica Mundial – Cinema e Literatura. São Paulo: Alameda, 2015.

_____. (org.). Gêneros cinematograficos e audiovisuais: perspectivas contemporâneas. Bragança Paulista: Urutau/Margem da Palavra, 2016.

SUPPIA, Alfredo; GUIMARÃES, Pedro Maciel; DUCCINI, Mariana (orgs.). Gêneros cinematograficos e audiovisuais: perspectivas contemporâneas vol. 2. Bragança Paulista: Urutau/Margem da Palavra, 2017.

SUVIN, Darko. On the Poetics of the Science Fiction Genre. College English, Vol. 34, No. 3 (Dec., 1972), pp. 372-382. Available at http://extscifi.weebly.com/uploads/8/9/4/7/8947540/article9.pdf

_____. Metamorphosis of Science Fiction: On the Poeticas and History of a Literary Genre. London/New Haven: Yale Univ. Press, 1979.

_____. Estrangement and Cognition. In: GUNN, James; CANDELARIA, Matthew (Eds.). Speculations on Speculation: Theories of Science Fiction. Lanham: Scarecrow Press, 2005, pp. 23- 36.

TELOTTE, J. P. Science Fiction Film. Cambridge: Cambridge Univ. Press, 2001. TODOROV. Tzvetan. Introdução à Literatura Fantastica. São Paulo: Perspectiva, 2004, 3a ed.

TUDOR, Andrew. Genre. In: GRANT, Barry Keith (Ed.). Film Genre Reader II. Austin: Univ. of Texas Press, 1986, pp. 3-10.

VÁRIOS. “Ficção científica: o discurso da era tecnológica”. Revista de Cultura Vozes, ano 66, vol. 66, jun/jul. 1972, no 5.

VOGT, Carlos, and Carmelo Polino (Eds.). Percepção Pública da Ciência – Resultados da Pesquisa na Argentina, Brasil, Espanha e Uruguai. Campinas: Ed. da Unicamp/Fapesp, 2003.

WILLIAMS, Raymond. “Science Fiction”. Science Fiction Studies, #46, vol. 15, part 3, Nov/1998, disponível em http://www.depauw.edu/sfs/documents/williams.htm

ZWEIG, Stefan. Brazil: Land of the Future, NY: Viking Press, 1942. _______. Brasil, Um País do Futuro. Porto Alegre: L&PM, 2013.

Conteúdo

EMENTA DA DISCIPLINA: A ficção científica (FC) é hoje um gênero multimidiático, com manifestações que extrapolam o campo literário, invadindo os territórios do cinema e audiovisual, teatro e games, entre outros. Sua origem mais moderna está nas obras de autores como Mary Shelley, Jules Verne e H. G. Wells. Sua consolidação enquanto gênero, bem como seu primeiro grande impulso de popularização, deram-se com a proliferação da pulp fiction nos EUA (BAXTER, 1970; BROSNAN, 1991; CAUSO, 2003). Paralelamente a isso começam as primeiras manifestações da ficção científica no cinema, numa curva ascendente que alcança seu primeiro grande pico de visibilidade com o boom do cinema americano de FC nos anos 1950. Geralmente subestimada como produto menor da indústria do entretenimento, vale a pena lembrar que a FC aparece manifesta em obras-chave da história do cinema, assinadas por diversos cineastas celebrados como autores – vide o caso de Fritz Lang e seu Metropolis (1927), Jean-Luc Godard e seu Alphaville (1965), François Truffaut e Farenheit 451 (1966), ou ainda Stanley Kubrick e seus filmes 2001: Uma Odisséia no Espaço (1968) e Laranja Mecânica (1971), para citarmos apenas alguns exemplos. A New Hollywood do final dos anos 1970 coloca o cinema de FC definitivamente na primeira linha dos grandes estúdios e entre os maiores sucessos de bilheteria lançados ano a ano. Atualmente, o imaginário ou iconografia da FC está presente não só na literatura ou em produtos de mídia da indústria cultural, mas também na moda e no comportamento, perpassando diversos setores da cultura e cotidiano. Com tudo isso, já há algum tempo o estudo da FC tem se revelado ferramenta esclarecedora para se compreender e analisar o mundo contemporâneo, na interseção de dois campos fundamentais da cultura dos séculos XX e XXI: o audiovisual e o imaginário tecnológico.

O cinema de FC pode ser um fenômeno global, mas seu “corpo”, “espessura” e “contornos” variam de país para país. Para muitos, cinema de FC vulgarmente se confunde com cinema de Hollywood. Sob essa ótica, filmes de FC só são possíveis com grandes orçamentos, infra-estrutura sofisticada e muitos efeitos visuais de última geração. Se em países como EUA, Reino Unido ou França o cinema de FC não gera surpresa ou “desconforto”, em outros, como o Brasil, uma cinematografia do gênero aparenta estar “fora de lugar”. A despeito da tradição do cinema argentino ou do cinema mexicano, por exemplo, em seu trato da ficção especulativa (FC incluída), América Latina e cinema de FC são dois termos ou institutos que, ainda hoje, geram “fricções”. O caso brasileiro nos interessa prticularmente.

Portanto, a disciplina “Cinema Brasileiro de Ficção Científica” tem por objetivo, num primeiro momento, introduzir os alunos à história da ficção científica no cinema, suas especificidades, interesses e relevâncias, tanto do ponto de vista de uma estética do audiovisual, quanto do estudo mais amplo da cultura. Ato contínuo, o curso também pretende introduzir o problema da ficção científica no cinema brasileiro, sob perspectiva diacrônica e crítica. Será oferecida a formação de um repertório sobre cinema brasileiro de ficção científica, com vistas a uma discussão mais detida sobre

as particularidades, dificuldades, obstáculos e características do gênero no Brasil, em diferentes momentos da história de nosso cinema. Nesse sentido, textos concernentes a outros campos do saber, notadamente aqueles relativos à literatura brasileira de ficção científica e fantasia (CARNEIRO, 1967; SANZ, 1969; SCHOEREDER, 1986; CUNHA, 1976; CAUSO, 2003; GINWAY, 2005; FERREIRA, 2007), deverão eventualmente contrbuir com subsídios para a discussão do panorama audiovisual brasileiro, para além da biblliografia focada em estudos de cinema (e.g. ECO, 1989; PAZ, 2008; DUFOUR, 2012, SUPPIA, 2013).

No Brasil, tanto a literatura de ficção científica nacional (Cf. GINWAY, 2005) quanto o cinema do gênero parecem ter decifrado as contradições mais intestinas e sensíveis do “País do Futuro” (Zweig, 2013 [1942]), cumprindo uma função social e artística em termos de comoção e instabilidade. Assim o foi no período da ditadura militar (1964-1985), em que o cinema nacional gerou títulos como Manhã Cinzenta (1969), de Olney São Paulo, Brasil Ano 2000 (1969), de Walter Lima Jr., Quem é Beta? (1972), de Nelson Pereira dos Santos, Parada 88: O Limite de Alerta (1978), de José de Anchieta, e Abrigo Nuclear (1981), de Roberto Santos. Mais recentemente, na esteira do abalo que sofreu a frágil democracia brasileira, vieram a lume filmes inquietos ou inquietantes como Uma História de Amor e Fúria (2013), de Luiz Bolognesi, Branco Sai, Preto Fica (2014), de Adirley Queirós, a série 3%, de Jotagá Crema et al., e finalmente Bacurau (2019), de Juliano Dornelles e Kleber Mendonça Filho.

Filmes como Branco Sai, Preto Fica já prenunciavam uma distopia no Brasil, tensa e enevoada, cuja proa se anunciava no horizonte. Isso já na primeira metade dos anos 2010. A fragilidade das conquistas sociais do país ao longo do primeiro decênio do século XXI era intuída, aqui e ali, por filmes em curta e em longa-metragem. A clarividência de Branco Sai, Preto Fica, entre outros títulos, culmina no entanto em filmes Divino Amor (2019), de Gabriel Mascaro, mas sobretudo Bacurau (2019), de Juliano Dornelles e Kleber Mendonça Filho. Bacurau pode ser visto, atualmente, como uma alegoria sinistra e premonitória do Brasil e da América Latina assolada pela pandemia do COVID-19, um filme-síntese do cinema brasileiro de ficção científica sob uma atmosfera de fascismo latente e colapso mundial.

Nesse sentido, e dentro de suas possibilidades, este curso dedicará grande parte de seu tempo e energia a decifrar o enigma da ficção científica no cinema brasileiro de ontem, de hoje e, oxalá, dos anos vindouros.

Tópicos gerais abordados: 1. Apresentação.
2. Gêneros cinematográficos. 3. O que é FC?

4. Fundamentos para uma teoria da FC. Suvin e o Novum.

5. Panorama histórico do cinema de FC. Da literatura ao cinema. Cinema de proto-FC. Consolidação do gênero. O boom do cinema americano de FC nos anos 50. A Nova Hollywood e a escalada dos blockbusters. Cinema de FC contemporâneo.

6. SF as Film Genre (1895 – 1960s)
7. SF and New Hollywood (1970s– 2000s)
8. Objetos Audiovisuais Não-Identificados: Entendendo a FC no Brasil

9. Rindo do futuro: as origens do cinema brasileiro de FC na comédia e na sátira

10. Ondas subliminares: o cinema de FC brasileiro no início dos anos 1960

11. Brasil: Ame-o ou Deixe-o -- para as Estrelas. O cinema brasileiro de FC no AI-5 (1969-

1973)

12. Venceu a conta de ar: protestando contra o desenvolvimento autoritário e a desigualdade social em filmes ecodistópicos

13. Futuros por procuração e outros simulacros: a persistência da comédia brasileira no cinema de FC 14. O fantasma na máquina: FC no Cinema da Retomada e o “renascimento” dos filmes espíritas 15. Realismo mágico, realismo científico, realismo fantástico: tentativas de definição
16. Os obstáculos econômicos, estéticos e ideológicos que a FC enfrenta no cinema brasileiro

Metodologia

Aulas expositivas, discussões de textos e debates anteriormente ou seguidamente à exibição de filmes ou trechos de filmes.

Observação