O Cinema Dissidente
SubtítuloDE019 - A
Cada estudante deverá apresentar duas resenhas a partir de textos selecionados na bibliografia do curso, a combinar com a professora.
Cada estudante deverá realizar um seminário como parte da avaliação final desta disciplina, a combinar.
Bibliografia complementar:
Exposições:
Emanuel Araújo, na ocasião da exposição Brasil 500 +: Mostra do Redescobrimento, realizada em São Paulo, em 2000
35ª Bienal de São Paulo, Pavilhão da Bienal, 2023, São Paulo
Conteúdo
Através da análise e discussão de imagens e filmes realizados por artistas racializados ao redor do mundo propomos, neste curso, pensar a crise da representação e seus desdobramentos contemporâneos num contexto social atravessado por aquilo que Achille Mbembe nomeou de a combustão do mundo.
Ementa
Imagem e políticas de representação; Imagem e a crise da Representação; do eurocentrismo ao policentrismo; o mito do Ocidente; o legado do colonialismo; Raça e racismo; Terceiro Mundo; Sul Global; Desconstrução do olhar / Descolonização do olhar; O feminismo e a imagem; Imagem e Sexismo; Imagem e processos de subjetivação; Imagem e Auto-apresentação; Imagem e Auto-etnografias; Imagem e Autobiografias. Antropoceno, Capitaloceno; Imagem e gentrificação, legado colonial e a produção das desigualdades estruturais.
1ª Aula
A negritude não é a única promessa. Imagem e a falência da representação. Exposição e discussão da obra da artista visual afro-brasileira Castiel Vitorino Brasileiro.
Textos para discussão:
Brasileiro, Castiel V. Quando o sol aqui não mais brilhar: a falência da negritude. São Paulo: n- 1 Edições, Edições Hedra, 2022.
Zandomenico, Yasmin. Modos de descolonizar: o trauma é brasileiro, de Castiel Vitorino Brasileiro. RCL, Revista de Comunicação e Linguagens. Journal of Communication and Languages, nº 54, 2021
MOTEN, Fred; HARNEY, Stefano. Pretitude e governança. In: RIBEIRO, Felipe (Org.). Atos de fala. Rio de Janeiro: Telemar, 2016.
Filmes:
A cambonagem e o incêndio inevitável, Castiel Vitorino Brasileiro, 2021
https://www.youtube.com/watch?v=l42EN0_WibQ&t=869s
Julite, Castiel Vitorino Brasileiro, 2020
https://www.youtube.com/watch?v=p6Fx9dtThd8
2ª Aula
Redistribuição da violência no mundo racializado e a plantação cognitiva no campo das artes. Exposição e discussão da obra da artistas afro-brasileiras Jota Mombaça, Grace Passô, Musa Michelle Matiuzzi.
Filmes:
República, Grace Passo, 2020
https://vimeo.com/423769303
Textos para discussão:
Gadelha, José Juliano. Cosmosensoriologia : rotas para uma metodologia fugitiva em artes. Vazantes, volume 02, número 02, 2023.
Mombaça. Jota. The cognitive plantation. Masp, Afterall, 2020.
Disponível em: https://assets.masp.org.br/uploads/temp/temp-ozOTDILJLWY5KnnUjBJO.pdf
Mombaça. Jota. Atravessar a grande noite sem acender a luz. São Paulo: Centro Cultural de São Paulo, 2021. Disponível em http://www.centrocultural.sp.gov.br/jota-mombaca, acesso em
28 de abril de 2022.
3ª Aula
Exposição e discussão da obra da artistas visuais negro-brasileiras Ana Pi, Aline Motta, Safira Moreira, Yasmin Thainá.
Filmes
Noir Blue, Ana Pi
Travessia, Safira Moreira
Kbela, Yasmin Thayná
Rede Afroflix
Textos para discussão:
Kilomba, Grada. Plantations Memories: Episodies of everydey racism. Münster: Unrast Verlag, 2010.
Gadelha, José Juliano. O Sensível Negro: rotas de fuga para performances. Rev. Bras. Estud. Presença, Porto Alegre, v. 9, n. 4, e85298, 2019. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/2237-266085298>
Gadelha, José Juliano. O Trauma Colonial: Ficção racial, tempo e poder. VI Jornada Brasileira de Sociologia Modernidade e Sul Global, Outubro, 2019, Pelotas/RS
4ª Aula / 5ª Aula
Exposição e discussão da obra do realizador afro-americano Jordan Peele. Utilizaremos também trechos de filmes do movimento Blaxploitation
Filmes
Get out, 2017
Sinners, Ryan Coogler, 2025
Textos para discussão:
Fred moten
https://casadopovo.org.br/en/materia-critica-para-massa-critica/
Hall, Stuart. Que negro é esse na cultura negra? In: Hall, S. Da Diáspora. Identidades e Mediações Culturais. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2003
Mercer, Kobena. Welcome to the jungle. New Positions in Black Cultural Studies. New York: Routledge, 2013
Hooks, bell. Olhares negros: raça e representação. São Paulo: Elefante, 2019.
Hooks, bell. We real cool. Black men and masculinity. New York: Routdledge, 2004
Diawara, Manthia. Black Spectatorship. Problems of identification and resistance.
6ª Aula
Exposição e discussão da obra de realizadoras afro-brasileiras e afro-portuguesas
Vanessa Fernandes; Monica de Miranda; Glenda Nicácio; Yasmin Thainá;
Esta aula pretende avançar o olhar para a produção audiovisual das mulheres negras no contexto cultural do Brasil e de Portugal, a fim de possibilitar o aprofundamento de questões ligadas ao racismo e também à discussão de gênero a partir das premissas da teoria feminista interseccional. Acompanhado pela dinâmica global, recentemente o campo cultural em Portugal viu-se confrontado pelo surgimento de políticas de reparação, pelo enfrentamento de práticas eurocêntricas e racistas ainda tão presentes na academia portuguesa, bem como a emergência de uma geração de artistas portugueses afrodescendentes já consolidadas e que põem em causa a memória, o trauma e o legado colonial.
Textos:
Costa, Tatiana Carvalho da. Quilombo cinema e poéticas de fuga,
Towards a quilombo cinema, an afrobrazilain feminist roundtable
https://www.anothergaze.com/towards-quilombo-cinema-afro-brazilian-roundtable/
Todas [as] distâncias: poemas, aforismos e ensaios de Beatriz Nascimento. Organização de RATTS, Alex Ratts e Bethânia Gomes. Salvador: Editora Ogum’s Toques Negros, 2015.
Gonzálex, Lélia. Por um feminismo afro-letino-americano. Rio de Janeiro: Zahar ed, sd.
Silva, Denise Ferreira da. Pensamento fractal. PLURAL, Revista do Programa de Pós -Graduação em Sociologia da USP, São Paulo, v.27.1, jan./jul., 2020, p.206-214
Silva, Denise Ferreira da. À brasileira: racialidade e a escrita À brasileira: racialidade e a escrita
de um desejo destrutivo. Estudos Feministas, Florianópolis, 14(1): 336, janeiro-abril/2006
7ª Aula
Discussão e análise da Residência Afroeuropeans, organizada no Colégio das Artes em 2019. Discussão sobre a obra de Sofia Yala Rodrigues.
Pensar sobre a Residência Afroeuropean que se interessou pelo aprofundamento de questões políticas e identitárias que dizem respeito aos modos de pensar, sentir e existir afro-europeus em contextos urbanos violentos, pós-industriais e pós-coloniais em crise. Nos últimos, em Portugal, assim como em outros países europeus, há um investimento na revisão historiográfica do colonialismo através da memória individual e de um agenciamento coletivo, mobilizado por novas organizações políticas e novas formas de engajamento, baseado num cenário de construção de redes.
Texto:
Sales, Michelle. A margem do cinema português. Residência Artística Afroeuropeans. Coimbra: Colégio das Artes; Universidade de Coimbra, 2020
“A des/aparição da foto de família negra”, publicado no livro Fade of the Black Family Photograph editado por Zun Lee e Sophie Hackett, em 2023.
https://casadopovo.org.br/wp-content/uploads/2023/11/fred-moten-stefano-harney_a_des_aparicao_da_foto_de_familia_egra.pdf
Campt, Tina. Imagem Matters. London: Duke University Press, 2012.
8ª Aula / 9ª Aula
Cinema indígena ; Isael e Sueli Maxakali;
Video nas Aldeias; Rede Katahirine: Rede Audiovisual das Mulheres Indígenas
Textos
Guarani, J. et al. Habitar o Antropoceno. BDMG Cultural: Cosmópolis, 2022.
Bey, Hakim. TAZ. Zona Autônoma Temporária. Coletivo Sabotagem, copyleft.
10ª Aula
Narrativas de ficção especulativa afrocentradas; reflexão sobre o Afrofuturismo, movimento cultural amplo e abrangente que engloba música, quadrinhos, cinema, moda, artes plásticas e literatura. Apresentar uma visão afrocentrada. Propor pensar o afrofuturismo como a junção entre narrativas, as obras de ficção especulativa e a autoria e perspectivas negras. Juntando as duas coisas você tem o afrofuturismo.
Discussão sobre a obra de Tabita Rezaire.
Campt, Tina. Black Futurity in a Photographic Frame:
https://www.youtube.com/watch?v=DPmx2xoIliQ
Freitas, Kenia; Messias, José. O futuro será negro ou não será: Afrofuturismo versus Afropessimismo - as distopias do presente. Imagofagia, Revista de La Asociación Argentina de Estudios de Cine y Audiovisual, nº 17, 2018
11ª Aula
Palestra com Paulo Cunha, Universidade da Beira Interior
Produzidos no período democrático, Adeus, até ao meu regresso (António-Pedro Vasconcelos,1974) e Acto dos Feitos da Guiné (Fernando Matos Silva, 1980) são dois filmes que abordam o legado colonial português a partir de imagens e discursos produzidos durante a ditadura fascista e colonialista. Interessa questionar criticamente o processo de ação destas obras como tentativas de desconstrução de uma narrativa histórica através da linguagem cinematográfica. Analisando os elementos verbais (narração, diálogos) e visuais (enquadramento, montagem, mise-en-scène), iremos refletir sobre que tipo de imagens e discursos são construídos por estes filmes: pós-coloniais, descoloniais, anticoloniais ou decoloniais?
Textos para discussão:
Bernardo, Luís & Laranjeiro, Catarina (2018), “Acto dos Feitos da Guiné: o início e o fim da história”, in Piçarra, Maria do Carmo (ed.), A Coleção Colonial da Cinemateca. Viseu:CineClubedeViseu,88-103.https://www.academia.edu/46864403/Acto_dos_Feitos_da_Guin%C3%A9_o_in%C3%ADco_e_o_fim_da_hist%C3%B3ria
Cunha, Paulo (2023). “A silent return : António-Pedro Vasconcelos' Goodbye, until my return(1974)”. La Furia Umana, 41
12 ª Aula
Palestra Ana Cristina Pereira
Alteridade e identidade na ficção cinematográfica em Portugal e em Moçambique
A presente tese visa compreender as representações identitárias veiculadas pelo cinema ficcional, em Portugal e em Moçambique, e como são negociadas por públicos de ambos os países. Mais especificamente, trata-se de perceber os modelos dominantes de representação de “nós” e do “outro” em longas-metragens de ficção de ambos os países, e posteriormente perceber como são discutidos por públicos portugueses e moçambicanos, filmes estreados entre 2006 e 2015. Durante este processo, descortina-se também a capacidade que o cinema contemporâneo revela, ou não, de propor imagens alternativas (aos referidos modelos dominantes) do “outro” africano/europeu. É levada a cabo uma aproximação ao Filme, nos dois países, em três etapas: analisa-se a construção das cinematografias, a circulação de Poder entre ambas e, mais especificamente, as formas de representação do “nós” na relação com um “outro”, sobretudo depois de 1975, porém considerando os legados anteriores. Depois, analisa-se o percurso e o discurso de autores específicos, sobre o cinema, os meios de produção, os regimes políticos e contextos internacionais, privilegiando o contributo dos cineastas, mas também o da crítica especializada e a legislação.
13ª Aula / 14 ª Aula
Ciclo de Seminários
Aulas expositivas a partir da discussão de filmes e leitura especializada sobre os temas debatidos