Turma DE004 - Cinema Brasileiro Contemporâneo - Turma A

Nome

Cinema Brasileiro Contemporâneo

Subtítulo

NAÇÃO, NARRAÇÃO E RAÇA: O NEGRO NO CINEMA BRASILEIRO

Cód. Disciplina - Turma

DE004 - A


Sala MM1
Acompanhamento com disciplina da Graduação? Não
Oferecimento DAC Quarta-feira das 14 às 17

Dados da disciplina

Nome DE004 - Cinema Brasileiro Contemporâneo
Programa Multimeios
Nível Pós-graduação
Crédito 3
Total de Horas Atividades Teóricas 45
Total de Horas Atividades Prática 0
Total de Horas Laboratório 0
Total de Horas Atividades Orientadas 0
Total de Horas Atividades à Distância 0
Total de Horas Atividades Orientadas de Extensão 0
Total de Horas Atividades Práticas de Extensão 0
Total de Horas/Aula Semanais 0
Total e Horas/Aula Realizadas em Sala de Aula 0
Hora Estudo 0
Hora Seminário 0
Oferecimento IA
Esta disciplina terá início no dia 28/02

Docentes

Noel dos Santos Carvalho

Critério de Avaliação

Seminários e trabalho final

Bibliografia

ANDERSON, B. Comunidades Imaginadas: reflexões sobre a origem e a difusão do nacionalismo. São Paulo, Companhia das Letras, 2008. ARAÚJO, Joel Zito. A negação do Brasil. São Paulo: Senac, 2000. GALVÃO, M.R., BERNARDET, J.C. Cinema: repercussões em caixa de eco ideológica. São Paulo: Brasiliense, 1983. CARVALHO, Noel dos Santos. Esboço para uma história do negro no cinema brasileiro. In: DE, Jefferson. Dogma Feijoada - O cinema negro brasileiro. São Paulo, Imprensa Oficial / Cultura-Fundação Padre Anchieta, 2005. p.17-102. CARVALHO, N.S. Cinema e representação racial: o cinema negro de Zózimo Bulbul. São Paulo: USP, 2005. COSTA, Sérgio. Dois atlânticos - teoria social, anti-racismo, cosmopolitismo. Belo Horizonte, Editora UFMG, 2006. HALL, S. Da diáspora: identidade e mediações culturais. Belo Horizonte: UFMG, 2009. HALL, S. Identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro,DP&A editora: 2003. HANCHARD, M.G. Orfeu e o poder - movimento negro no Rio de Janeiro e São Paulo. Rio de Janeiro, EDURJ, 2001. HOBSBAWN, E.J. Nação e nacionalismo desde 1780. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1990. PAIVA, C.E.A. Black Pau - a soul music no Brasil nos anos 1970. São Paulo, UNESP, (tese de doutorado), 2015. RENAN, E. Qué es una nacion? Madrid, Alianza Editorial, 1987. ROCHA, Glauber. Revolução do Cinema Novo. Rio de Janeiro, Alhambra / Embrafilme, 1980. (2.ed.ampl. São Paulo, Cosac & Naify, 2004. RODRIGUES, João Carlos. O negro brasileiro e o cinema. Rio de Janeiro, Globo / Fundação do Cinema Brasileiro, 1988. (2.ed. Rio de Janeiro, Pallas, 2001.) STAM, Robert. Multiculturalismo tropical. São Paulo: Edusp, 2007. SKIDMORE, T. E. Preto no branco - raça e nacionalidade no pensamento brasileiro. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1976. SHOHAT, Ella; STAM, Robert. Crítica da imagem eurocêntrica - Multiculturalismo e representação. São Paulo, Cosac Naify, 2006.

Conteúdo

A temática racial é central na cultura brasileira. No cinema, o negro e a sua cultura foram encenados desde os primeiros filmes silenciosos até a produção mais recente. Ele aparece nas bordas dos enquadramentos, "contaminando" as imagens que se querem puras; nas molduras dos quadros, deslocando as disposições de poder; no centro da cena, como metáfora do povo e da nação ou para desfazer as fantasias de beleza, controle, pureza, poder e raça. A análise dos filmes sob a perspectiva do significante negro tende a deslocar o sentido das imagens e sons e trazer a tona tensões, contradições e fantasias raciais que percorrem os discursos de nação construídos e postos em ação pelas elites em cada contexto histórico. O curso pretende explorar os modos pelos quais o negro foi representado nos discursos de nação do cinema brasileiro em relação à ficção, ao documentário e ao experimental. 1) Memória, identidade e projeto; 2) Narrativas de nação e identidade nacional; 3) Condenados pela raça; 4) Absolvidos pela cultura; 5) A nação narrada da Casa Grande - Estado Novo e as imagens da nação; 6) O samba, a prontidão e outras bossas - a chanchada; 7)Melodrama racial - Também somos irmãos; 8) O meio cinematográfico nacionalista de esquerda - "A voz do morro sou eu mesmo, sim senhor"; 9) A nação narrada do Planalto de Piratininga - A Vera Cruz e o negro; 10) Cinema novo e as imagens do populismo - a fenomenologia do cinema negro; 11) Tropicalismo e movimento black power - a segunda modernidade negra nos anos 1970; 12) “Somos cabelo duro, somos black pau” - os filmes dos primeiros diretores negros brasileiros; 13) Documentário e disputas por representação racial; 14) A celebração da identidade - manifestos por um cinema negro no Brasil; CRONOGRAMA DAS AULAS 1ª) Semana Apresentação do programa. Projeção do filme Bróder (Jeferson De, 2010). 2ª) Semana A fabricação da identidade e do marginal - Refletir sobre a construção da identidade a partir da articulação entre a memória e projeto e da noção de desvio. Bibliografia: ELIAS, N. “Introdução – ensaio teórico sobre as relações estabelecidos-outsiders”. In: Os estabelecidos e os outsiders. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2000. VELHO, G. “Memória, identidade e projeto”. In: __________. Projeto e metamorfose – antropologia das sociedades complexas, Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1994; _________. “O estudo do comportamento desviante: a contribuição da antropologia social”. In: Um antropólogo na cidade, Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2013. 3ª) Semana Nação e narração – Ponderar questões sobre o nacionalismo e a consciência nacional enquanto símbolos inscritos na cultura através de narrativas (hinos, memórias, artes, poesias, filmes, alegorias, monumentos etc.). Bibliografia: ANDERSON, B., “Raízes culturais” In: ___________. Comunidades imaginadas – reflexões sobre a origem e a difusão do nacionalismo, São Paulo, Companhia das Letras, 2008. ANDERSON, B., “As origens da consciência nacional” In: ___________, Comunidades imaginadas – reflexões sobre a origem e a difusão do nacionalismo, São Paulo, Companhia das Letras, 2008. RENAN, H., O que é uma nação? Revista aulas. Disponível em: < http://www.unicamp.br/~aulas/VOLUME01/ernest.pdf > Acesso em: 09/07/2016. 4ª) Semana Condenados pela raça – Explorar através dos textos: 1) as narrativas científicas racistas sobre a população negra e mestiça no pós abolição e 2) o modo como o cinema construiu imagens do negro no período. Projeção do filme A filha do advogado (Jota Soares, 1926) Bibliografia: CARVALHO, N. S., “O negro no cinema brasileiro: o período silencioso.” Plural (USP), São Paulo, v. 10, 2003. LESSER, J. “Criando brasileiros: imigração e identidade nacional”. In: A invenção da brasilidade – identidade nacional, etnicidade e políticas de imigração, São Paulo, Ed. Unesp, 2014. SKIDMORE, T., “Realidades raciais e pensamento racial depois da Abolição.” In: ___________, Preto no branco – raça e nacionalidade no pensamento brasileiro, Rio de Janeiro, Paz e terra, 1976. STAM, R., “As ausências estruturantes do cinema mudo, 1898-1929” In: ____________, Multiculturalismo tropical – Uma história comparativa da raça na cultura e no cinema brasileiros, São Paulo, Edusp, 2008. 5ª) Semana A nação narrada pela Casa Grande – Explorar a relação entre a ideologia do branqueamento e o nacionalismo emergente a partir de meados dos anos 1910. Explorar como o cinema brasileiro do período simbolizou o negro e o indígena. Projeção do filme Argila (Humberto Mauro, 1940). Bibliografia: ALMEIDA, C. A., “Argila, uma cena do Estado Novo.” In: __________., O cinema como “Agitador de Almas”: Argila, uma cena do Estado Novo. São Paulo, Annablume, FAPESP, 1999. GONÇALVES, M. R., “O livro das imagens: cinema no Brasil da era Vargas.” In: __________., Cinema e identidade nacional no Brasil: 1898 – 1969. São Paulo, LCTE Editora, 2011. STEPAN, N. L., “Identidades nacionais e transformações racial.” In: A hora da eugenia: raça, gênero e nação na América Latina, Rio de Janeiro, Ed. Fiocruz, 2005. 6ª) Semana O negro na Chanchada – Refletir sobre a representação do negro nos filmes da chanchada atentando para as ambivalências do nacional-populismo. Projeção do filme Carnaval Atlântida (José Carlos Burle, 1952). Bibliografia: CARVALHO, N. S., “Imagens do Negro no Cinema Brasileiro - O Período das Chanchadas.” Cambiassu - Estudos de Comunicação, v. 12, 2013. GONÇALVES, M. R., 1946/1964. O cinema de um país irreconhecivelmente inteligente. In: _________ Cinema e identidade nacional no Brasil: 1898 – 1969. São Paulo, LCTE Editora, 2011. STAM, R., “Carmen Miranda, Grande Otelo e a Chanchada, 1929-1949.” In: ____________, Multiculturalismo tropical – Uma história comparativa da raça na cultura e no cinema brasileiros, São Paulo, Edusp, 2008. 7ª) Semana Também somos irmãos – Refletir sobre o tema negro no final do Estado Novo e o impacto dos movimentos negros no Brasil. Projeção do filme Também somos irmãos (José Carlos Burle, 1949). Bibliografia: BASTIDE, R., “A propósito do Teatro Experimental do Negro.” In: Teatro Experimental do Negro – Testemunhos, Rio de Janeiro, Edições GRD, 1966. NASCIMENTO, A., “Teatro Experimental do Negro – trajetória e reflexões”. In: Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, IPHAN, nº 25, 1997. RAMOS, G. “O negro Brasil e um exame de consciência.” In: Teatro Experimental do Negro – Testemunhos, Rio de Janeiro, Edições GRD, 1966. TAVARES, J.C. “Teatro Experimental do Negro Contexto, estrutura e ação.” In: Dionysos, MINC, Fundacen, número 28, 1988. 8ª) Semana Interpelações étnicas nos anos 1950 – A aula visa refletir sobre a representação do negro na perspectiva dos cineastas ligados ao nacionalismo de esquerda com destaque para a obra de Nelson Pereira dos Santos. Exibição de Rio 40 graus (Nelson Pereira dos Santos, 1954). Bibliografia: BERNARDET, J. C; GALVAO, M. R., “Os irmãos inimigos – a década de 50.” In: ____________ Cinema repercussões em caixa de eco ideológica, São Paulo, Brasiliense, 1983. SALEM, H., “Sequencia nº 5. Exterior. Muito Sol.” In: ________ Nelson Pereira dos Santos, o sonho possível do cinema brasileiro. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1987. SALEM, H., “Interior. Nuvens. Na zona norte da vida.” In: ________ Nelson Pereira dos Santos, o sonho possível do cinema brasileiro. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1987. 9ª) Semana A nação narrada pelo Planalto de Piratininga – A representação do negro do ponto de vista ideológico dos realizadores ligados à Companhia Cinematográfica Vera Cruz. Exibição do filme Sinhá moça (Tom Payne, 1953). Bibliografia: BERNARDET, J. C; GALVAO, M. R., “Os irmãos inimigos – a década de 50.” In: ____________ Cinema repercussões em caixa de eco ideológica, São Paulo, Brasiliense, 1983. GONÇALVES, M. R. “O cinema de um país irreconhecívelmente inteligente.” In: Cinema e identidade nacional no Brasil: 1898 – 1969. São Paulo, LCTE Editora, 2011. 10ª) Semana Cinema novo, e as imagens do populismo – A aula aborda os primeiros filmes do Cinema Novo na perspectiva da representação racial. Bibliografia: CARVALHO, Noel dos Santos; DOMINGUES, Petrônio. A representação do negro em dois manifestos do cinema brasileiro. Estudos Avançados (USP. Impresso), v. 31, p. 377-394, 2017. CARVALHO, N. S., Racismo e anti-racismo no Cinema Novo. In: HAMBURGUER, S.; SOUZA, G.; MENDONÇA, L.; AMANCIO, T.,(Orgs.). Estudos de Cinema SOCINE. São Paulo, Annablume, 2008. ORTIZ, R. “Alienação e cultura: O ISEB.” In: ________. Cultura brasileira e identidade nacional. São Paulo, Ed. Brasiliense, 1985. ORTIZ, R. “Da cultura desalienada à cultura popular: o CPC da UNE.” In: _________. Cultura brasileira e identidade nacional. São Paulo, Ed. Brasiliense, 1985. 11ª) Semana. Tropicalismo e movimento black power – a aula discute a evolução da cultura negra no século XX até os 1970. E a representação do negro a partir de meados dos anos 1970 sob o influxo da segunda modernidade negra e do tropicalismo. Projeção dos filmes Compasso de espera (Antunes Filho, 1970) e Alma no olho (Zózimo Bulbul, 1974). Bibliografia: ALBERTO, P. L., Quando o Rio era black: soul music no Brasil dos anos 70. In: História: Questões & Debates, v. 63, n. 2 (2015). (http://revistas.ufpr.br/historia/article/view/46702/28020) GUIMARÃES, A. S. A. Intelectuais negros e modernidade no Brasil. In: 17 out. 2017. STAM, R., “Os potenciais da polifonia: reflexões sobre raça e representação.” In Multiculturalismo tropical – Uma história comparativa da raça na cultura e no cinema brasileiros, São Paulo, Edusp, 2008. 12ª) Semana Lutas por representação - A aula tem por objetivo apresentar os filmes realizados pelos diretores negros e a crítica ao ideário da democracia racial. Bibliografia: HALL, S., Que “negro” é esse na cultura negra? In: _______., Da diáspora – identidades e mediações culturais. São Paulo, Humanitas, 2003. COSTA, S., “A agonia do Brasil mestiço”. In: ________ Dois atlânticos – teoria social, anti-racismo, cosmopolitismo. Belo Horizonte, Ed. UFMG, 2006. MUNANGA, K., Mestiçagem como símbolo da identidade brasileira. In: Rediscutindo a mestiçagem no Brasil. Petrópolis, Vozes, 1999. MUNANGA, K., Racismo, mestiçagem versus identidade negra. In: Rediscutindo a mestiçagem no Brasil. Petrópolis, Vozes, 1999. 13ª) Semana Celebrando a identidade - A aula pretende discutir as atuais manifestações por um cinema negro brasileiro. Bibliografia: CARVALHO, N. S; SOBRINHO, G. A., Imagens do negro em redes audiovisuais no Brasil: documentários, e construções identitárias. In: SOBRINHO, G. A. (Org.), Cinemas em redes - tecnologia, estética e política na era digital. Editora Papirus, 2016. http://ficine.org 14ª) Semana Avaliação da disciplina pelos alunos. Finalização dos trabalhos.

Metodologia

Aulas expositivas, visionamento de filmes, discussão em sala de aula e trabalho final.

Observação

Programa e bibliografia serão apresentados com atualizações.