ARTE COMO PROTESTO. A OBRA DE BERNARDO CARO NAS DÉCADAS DE 1960 - 1970.  
     
 

BERNARDO CARO

Turbulentos, ruidosos e belos. Assim podem ser descritos os primeiros vinte anos do percurso artístico de Bernardo Caro, que em sua totalidade se estendeu por quase meio século.

De 1961 a 1980 Caro experimentou uma rápida sucessão de ciclos ascendentes que começa por sua iniciação algo tardia, aos 30 anos, na arte dita contemporânea, avança com os primeiros salões nacionais e o pronto reconhecimento crítico, e prossegue com o vertiginoso processo de amadurecimento técnico e temático que lhe abre as portas das Bienais de 1971 a 1977.

Foram duas décadas de criação intensa e apaixonada – com um traço pessoalíssimo que deixou marca visível na arte brasileira – e também de ações performáticas que impressionaram a memória visual e o imaginário de quantos viram ou ouviram dizer do célebre Cavalinho de Pau (que tanta celeuma provocou na Bienal Internacional de 1972) e das gigantescas cabeças de madeira, papelão e gesso que por 432 dias causaram assombro nos altos da PUC-Campinas, até serem destruídas pela ação do tempo, pois para isso tinham sido feitas. "Não são cabeças da ilha de Páscoa; são nossas ilhas, nossas cabeças" – ainda estamos a ouvi-lo explicar, como a dizer que estava destinado a fazer obra metafórica e universal.

Ilhas. Cabeças. Nessa atmosfera fervilhante Bernardo Caro preparou o ludismo de sua obra futura, aquela que o tornaria reconhecível nos circuitos da América Latina, Itália, Espanha e de outros países europeus com as inimitáveis "mulheres de néon" e, em anos mais recentes, com a magnífica série em que faz a releitura de seus êmulos do passado, inserindo-se definitivamente na linhagem dos grandes artistas de todas as épocas.


EUSTÁQUIO GOMES

 
     
 
 
 
     
     
     
     
     
     
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