IPANEMA: O CAMINHO DO FERRO

O presente texto desenvolve estudos para uma tese de doutorado sobre um complexo monumental tombado como patrimônio nacional, conhecido como Fábrica de Ferro de Ipanema. A área se localiza no interior do Estado de São Paulo, na região de Sorocaba, e as hipóteses de trabalho dizem respeito ao tema da arte em campo expandido e o modo como o lugar foi construído ao longo do tempo e cujas características são na tese tomadas como artísticas. A investigação entende o complexo configurado como a multiplicidade que não se resume ao caráter patrimonial de seus sítios arquitetônicos, arqueológicos e ambiental, e perfila-se como um conjunto sobre o qual se acumulou uma série de acontecimentos significativos que transformou o lugar a partir de um regimento histórico, determinado pelo modo de produção do ferro, reúne-se uma hierarquia de valores que culmina no valor artístico. O reconhecimento dessa hierarquia converge em direção a uma obra de recuperação ambiental relacionada às terras devastadas pela mineração, o sítio nuclear do quadro de categorias que se distribuem pelo plano semiótico de análise, e pelo qual se distinguem características arquitetônicas, paisagísticas e escultóricas, avaliadas conforme pontos de vista e proximidade que o observador tem com os sítios do estudo de caso. A hipótese final leva em conta um acoplamento entre inversos, como a propriedade determinante do recorte teórico efetuado no campo; ela se refere a uma superfície escultural tratada como equivalente à garrafa de Klein, uma figura da topologia que é pressuposta a partir do modo de produção mineral, que, no caso Ipanema, extrai tampas colossais da crosta terrestre e dá ao lugar uma forma característica cujo interior acopla o exterior. A tese procura demonstrar como o valor de obra de arte pode ser reconhecido nos termos de um projeto técnico de recuperação ambiental, que é debatido no âmbito da teoria das artes visuais por seu conteúdo histórico e ambiental coroado de valor artístico. Por fim, se conclui que a complexidade em Ipanema é uma evidência paradigmática de um fenômeno de aglutinação no espaço denominado a heterotopia, o que em Ipanema é determinado pela coleção de sítios específicos produzidos de um modo particular, o que na tese é apresentado conforme um mapa cognitivo da ordem do escultural na paisagem.