Alunos de Música do IA são destaque em premiação de festival universitário


Três obras de alunos do IA foram vencedoras do Festival Universitário da Canção da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, cuja premiação aconteceu no dia 12 de abril. Vitor Alves de Mello Lopes venceu a categoria Melhor Canção de Câmara, com a A Obra, João Almeida foi o ganhador do prêmio Melhor Compositor, com a música Canindé, e Nicolas Farias e Laidenss Guimarães faturaram o prêmio de Melhor Letra de Canção Popular, com Memórias do Rio.


Poema complexo com um caldeirão de influências musicais

Pelas regras do festival, os artistas inscritos na categoria Melhor Canção de Câmara deveriam utilizar como letra um poema de um escritor sul-mato-grossense. A lista de textos elegíveis foi publicada pelos organizadores e os participantes poderiam escolher um deles como base para sua apresentação. Vitor Alves de Mello Lopes optou pelo poema A Obra, de José Alonso Tôrres Freire.

“Quando bati o olho no texto, já o escolhi”, diz, lembrando que a opção se deu pela complexidade e carga dramática do poema.  “É um texto tenso, com muitos significados difíceis de atingir. E acho que a melhor maneira de o musicar foi fazer uma harmonia sofrida, um pouco alucinante.”

Lopes conta que usou diversas referências para construir o padrão estético da peça. “É um caldeirão de influências. Tem inspiração do expressionismo alemão, com um tipo de canto falado. Tem um pouco de (Camargo) Guarnieri, de Villa-Lobos e de Dinorá de Carvalho, que é uma compositora que pesquiso no mestrado. E o gesto principal dessa música vem do Osvaldo Lacerda”.

Para a gravação que seria apresentada ao público, ele contou com a interpretação de Leandro Cavini, doutorando no IA. Por meio de Cavini, ele pôde ter contato com o barítono argentino Guillermo Anzorena, que ajudou a dupla na preparação para o festival. “É um dos maiores cantores do mundo e especialista em música contemporânea. Essas parcerias e trocas valem muito para mim”, finaliza.


Uma combinação natural de letra e harmonia

Já João Almeida encontrou no poema Canindé, de Michele Eduarda Brasil de Sá, a letra ideal para uma canção que vinha desenvolvendo há algum tempo. “Eu procurei um texto que fizesse sentido para mim e o poema da Michele tem um estilo mais coloquial e com uma métrica que poderia se encaixar em uma música que eu já havia começado a compor, com arranjo instrumental praticamente pronto. Com poucos ajustes, elas se encaixaram bem”, afirma.

Ele lembra que ideia inicial ao iniciar a composição era criar uma peça para orquestra, mas, ao conversar com o Prof. Dr. José Augusto Mannis, optou por uma canção de câmara. “Eu nunca havia escrito para orquestras e ele sugeriu começar com uma formação de câmara, o que eu também não havia feito. Com a mentoria dele, consegui trabalhar um arranjo mais delicado e elaborado”, conta.

Além de Mannis, Almeida contou com a participação de colegas do IA, tanto na área musical (Bruna Bubi, Joel Felipe Horácio, Marina Gama, Thales Hashiguti e Weverton Silva), como na área técnica de captação e edição de áudio (Fernanda Ferreira e Arthur Capello).

Após ser premiado em sua primeira participação em festivais, Almeida vai concorrer agora no “ÉPra cantar”, concurso que terá os vencedores anunciados no João Rock, um dos principais festivais de Rock e Pop do Brasil. Ele é o flautista do Marcelo Choba e Grupo, que concorrerá com a música Eu vou pisar no seu pé.


Mato Grosso do Sul – São Paulo – Mato Grosso do Sul

Nicolas de Lomba Farias e Laidenss Guimarães, que formam o Duo Tatarana, são amigos de infância, estudaram no Conservatório Musical de Tatuí (SP) e hoje são alunos de Música no IA. Eles são de Dourados (MS) e têm suas trajetórias marcadas pela busca de formação musical. Eles foram os vencedores do prêmio de Melhor Letra de Canção Popular, com Memórias do Rio.

Apesar de apenas Farias constar na premiação da UFMS, a peça é uma obra conjunta com Guimarães. “A composição é nossa. Só que, por conta da burocracia do festival, a inscrição ficou com apenas um proponente”, explica.

Como eles são naturais do Mato Grosso do Sul, eles não tiveram que musicar um poema local e puderam concorrer com uma canção que já faz parte do repertório do Duo Tatarana. Para o festival, a obra foi interpretada por André Segolin e Renata Alves, também do curso de Música do IA. “São dois grandes parceiros que temos e que sempre realizam apresentações conosco. São muito competentes e fizeram a defesa da canção no festival”, afirma Farias.

Apesar de serem originários do Mato Grosso do Sul, Farias afirma que não teve influência na participação dos colegas do IA, mas ressalta que as premiações podem ter explicação pela qualidade da graduação na Unicamp. “É um curso que é referência em música e acho que acaba reunindo estudantes com muito potencial”, conta.