Morre Benito Juarez, o Maestro das Diretas


| Autor: Raquel do Carmo Santos       | Fotos: Acervo Unicamp e Divulgação       | Edição de imagem: Renan Garcia

 

Trajetória do maestro Benito Juarez se traduz entre a Orquestra de Campinas e atividades no Instituto de Artes da Universidade
 
O maestro Benito Juarez morreu na madrugada desta segunda-feira (3), em São Paulo aos 86 anos de idade. Deixa cinco filhos e netos. Ainda não há informações precisas sobre seu sepultamento. O filho, André Juarez, postou em uma rede social a seguinte mensagem “Meus amigos, comunico o falecimento do meu amado pai, o maestro Benito Juarez. Descanse em paz, Baxoca. Vou honrar seu nome sempre. Muita força, moleque”. 

“Lamentamos profundamente a perda não apenas do artista e do docente, mas sobretudo do cidadão que soube traduzir em sua obra o espírito de nosso tempo e a necessidade de levar a cultura para todas as camadas da sociedade”, disse o reitor Marcelo Knobel. “Benito foi uma personalidade fundamental para o desenvolvimento das artes e da cultura de Campinas, privilegiando a sua difusão para a população em geral, pioneiro nesse tipo de atuação, e que certamente contribuiu para a aproximação das pessoas com um patrimônio da cidade, que é a Orquestra Municipal", acrescentou. 

Na Unicamp, Benito Juarez foi um dos fundadores do Instituto de Artes, na década de 1970, quando era apenas o Departamento de Música da Universidade. Também foi um dos idealizadores do curso de Música Popular Brasileira (MPB), primeiro no Brasil e único oferecido em universidade pública no Estado de São Paulo. Sua importância, no entanto, vai além dos portões do campus. Pode ser aferida por sua importante atuação na cidade de Campinas e no Brasil. O maestro foi regente da Orquestra Sinfônica de Campinas por 25 anos e fez história ao reger o concerto pelas  eleições diretas para Presidência da República, em 1984, convidado pelo Movimento Diretas Já.

 

Na Unicamp, Benito Juarez foi um dos fundadores do Instituto de Artes, na década de 1970 e um dos idealizadores do curso de Música Popular Brasileira (MPB), primeiro no Brasil
 

Benito Juarez estava aposentado na Unicamp há mais de 20 anos, quando também deixou suas atividades na Orquestra de Campinas. Segundo o pró-reitor de Extensão e Cultura da Unicamp, Fernando Hashimoto, o maestro foi um dos grandes incentivadores da popularização da Orquestra Sinfônica e de corais. Hashimoto esteve envolvido com a Orquestra e com o maestro por 16 anos. “Quando entrei para a Sinfônica, em 1996, ela era considerada uma das principais orquestras do país. Mantinha um corpo de profissionais muito bons e era muito estável”,  conta o pró-reitor. 

Uma das características marcantes do maestro era o repertório diversificado. Ele incluía composições de vários artistas brasileiros como, por exemplo, Hermeto Paschoal e Milton Nascimento. Neste sentido, a orquestra trouxe fama à cidade de Campinas e também mostrou a importância de se valorizar não apenas o repertório erudito, mas também compositores de música popular.  

“Toquei como músico da Sinfônica de Campinas por muitos anos com o Maestro Benito Juarez, e também convivi com ele na Unicamp”, disse o pró-reitor de Extensão e Cultura da Unicamp, Fernando Hashimoto. “Posso destacar duas marcas importantes de sua trajetória: o compromisso na execução e gravação do repertório nacional, e seu trabalho de aproximação das músicas popular com a erudita”.

A Prefeitura de Campinas decretou luto oficial na cidade por três dias. Em nota, o prefeito Jonas Donizete declarou: "Meus sentimentos à família, amigos e aos milhares de admiradores."