Professor Paulo Tiné lança seu álbum "Seres Primordiais: 12 Improvisações para um Oriente Próximo"


Na última quinta-feira (30/06), o professor Paulo Tiné do Departamento de Música do Instituto de Artes da Unicamp lançou seu álbum "Seres Primordiais: 12 Improvisações para um Oriente Próximo", que pode ser acessado clicando aqui.

Sobre o álbum, o professor diz:

"Na juventude conheci o guitarrista John McLaughlin e seu grupo Shakty formado por músicos indianos. Tive então, a partir dessa motivação, contato com o livro "A Short Sketch of the History of Karnatic Music" (Kanthimathi Kumar & Jean Stackhouse) e a estrutura das 72 Melakarta Ragas que são organizadas em 12 grupos de 6 ragas. Estas fizeram parte dos meus estudos musicais durante muito tempo e as utilizei em muitas composições também. Outro ponto importante que se faz presente é o da divisão da oitava em 22 shrutis (micro-tons) da música indiana. Entretanto, o violão, como todos sabem, está dentro da afinação igualmente temperada (divisão da oitava em 12 partes iguais), o que, de certa forma “ocidentaliza” as Ragas. Por outro lado, elas puderam ser utilizadas harmonicamente, no sentido da música ocidental, fato pouco comum na música tradicional da India, seja carnática ou hindustani. Mesmo assim, as fundamentais (ouvidas pela tamboura digital) estão divididas nos 22 shrutis através das fundamentais ou bordões das 72 ragas (distribuindo as fundamentais nos 12 conjuntos dividindo duas fundamentais a cada grupo de 6 Ragas, exceto naquelas que sucedem o semitom MI-FA e SI-DO ou GA-PA e NI-SA). Pode-se ouvir aquí uma pequena parte dessa distribuição nessas gravações com 12 ragas (da 7a à 18a). Funciona como um trecho de calendário musical se, a cada grupo de 6 ragas, incluirmos o silêncio, ou seja, uma 7a Raga ausente. Nisso as 72 ragas preencheriam uma estação do ano com o mês lunar formado por 28 dias (24 ragas sonoras e 4 silenciosa) e, tocadas quatro vezes, completariam um ano lunar. Claro que essa numerologia é simbólica pois, de fato, o mês lunar dura mais que 28 dias e, portanto há sempre "comas" a serem "temperadas" entre o fenômeno e o símbolo. Logicamente, o que se faz aquí não é música tradicional da Índia, mas algo inspirado nela a partir de muitas escutas. Por fim, essas gravações foram realizadas durante a pandemia, em um período de muitas incertezas e angústias e, exatamente por isso, usadas como instrumento de introspecção e meditação. Agradeço imensamente os colaboradores, sobretudo à Sylvia Furegatti pelas imagens e ao Felipe Pipo Grytz, ex-aluno de composição, hoje Chazan (cantor na liturgia judaica) e professor, por embarcar na minha viagem."

 


Ficha técnica:

Violões, guitarra e improvisação: Paulo Tiné
Edições, mixagem e masterização: Guilherme Mauad (mestrando no PPGmus)
Arte da capa a partir da obra Seres Primordiais de Sylvia Furegatti
Projeto Gráfico: PROVCOM - Iady Adrianny e Vagner da Silva Barrichelo
Inserção no Spotify: Ivan Barasnevicius (doutorando no PPGmus)
Agradecimentos à Felipe Grytz