Métodos de pesquisa e criação em dança: poéticas do corpo e construção de sentidos à luz da psicanálise para uma geografia dos afetos em processos de luto
Flávia Pagliusi
Mariana Baruco Machado Andraus
Sex, 09 de maio de 2025 às 13:30hs
Sala 03 da CPG/IA
Esta tese propõe que processos criativos em dança podem ser tanto ferramenta de pesquisa e criação quanto recurso terapêutico, abrindo trilhas de possibilidades para elaborações de lutos pautados numa ética do cuidado. Tendo como metodologia a cartografia, a pesquisa é tecida a partir da minha vivência com o método Bailarino-Pesquisador-Intérprete (BPI) no curso de Graduação em Dança da Unicamp e no Mestrado em Artes da Cena na mesma Universidade, destacando a feitura dos espetáculos “Sertões de dentro” (2014) e “(R)existir” (2019) para a exploração da intersecção entre dança e psicanálise na compreensão da relação entre corpo, afeto e luto. O BPI oferece um caminho singular para a criação em dança, integrando experiências corporais e psíquicas profundas. Através da imersão nesses processos, a pesquisa revela como o método possibilita um mergulho nos afetos e como esse percurso demanda um cuidado específico com o corpo, entendido não apenas como instrumento técnico, mas como espaço de memória e simbolização. A tese dialoga com a psicanálise contemporânea, especialmente com as contribuições de Donald Winnicott, René Roussillon, Piera Aulagnier e Françoise Dolto, autores que enfatizam a dimensão simbólica e relacional do corpo. A partir desses referenciais, argumento que os processos de criação em dança desenvolvidos a partir do Método BPI envolvem um trabalho psíquico passível de ser analisado à luz de elaborações psicanalíticas, podendo criar novos sentidos para a experiência vivida. Por fim, o trabalho destaca a necessidade de uma ética do cuidado no campo da dança, propondo um olhar sensível para os limites e possibilidades do BPI enquanto recurso terapêutico e método de criação. Reconhecendo seu potencial para abrir espaços de elaboração subjetiva por meio do movimento, a tese se configura como um estudo que transita entre teoria e experiência, psicanálise e dança, memória e criação. Assim, contribui para a compreensão do corpo como espaço de simbolização e construção de sentidos, articulando as dimensões afetivas e simbólicas que emergem dos processos de luto e da prática artística.