Sonhos, de Claudia Andujar: experimentalismo e cosmovisão yanomami

Doutorado em Artes Visuais
Orientando
Ana Carolina Albuquerque de Moraes
Orientador
Maria De Fatima Morethy Couto
Data
Qui, 18 de maio de 2023 às 14:00hs
Local
Resumo

Esta tese analisa a obra ligada ao xamanismo yanomami da fotógrafa suíça naturalizada brasileira Claudia Andujar (1931- ), com foco na série Sonhos Yanomami (1974-2003). Nessa série, considerada pela artista como um “turning point” em sua experiência com o povo Yanomami, Andujar opera com a refotografia de negativos e cromos sobrepostos, sob novas projeções de luz, gerando novas imagens a partir de fotografias que anteriormente realizara in loco. A tese segue o percurso de investigar modos como, desde os anos 1970, Andujar foi-se aproximando do tema xamanismo em diferentes projetos com o povo Yanomami – fotográficos, cinematográficos e editoriais –, para abordar, em seguida, a própria série Sonhos. Nesse ponto, após identificar e tentar explicar dissonâncias na conformação da série (quantidade de imagens, datação, títulos, etc.), o texto localiza o fio condutor que une técnica e conceitualmente as obras, bem como aborda sua presença/ausência em diferentes exposições pelo Brasil, culminando com as análises de algumas obras de Sonhos. Partindo do confronto direto com a visualidade das imagens analisadas, a interdisciplinaridade entre artes visuais e antropologia atravessa as análises iconográficas, por meio da interlocução com autores como Davi Kopenawa, Bruce Albert e Eduardo Viveiros de Castro, bem como da aproximação entre desenhos e narrativas yanomami e imagens de Sonhos. Por fim, são selecionadas obras de outros artistas que também abordam o xamanismo yanomami para análise e comparação com obras de Andujar, sobretudo da série em foco. As obras analisadas dos quatro artistas escolhidos – Gary Hill, Adriana Varejão, Raymond Depardon e Wolfgang Staehle – participaram da exposição Yanomami, l’esprit de la forêt (2003), promovida pela Fundação Cartier, em Paris, e curada por Bruce Albert e Hervé Chandes. Após abordar a mostra quanto ao discurso curatorial e à recepção pela imprensa/crítica, bem como analisar individualmente as obras escolhidas, o texto segue para as análises comparativas acima mencionadas. Com base em autores como Hal Foster e Benoît de L’Estoile, são problematizadas também as relações entre os artistas ocidentais e o “outro” – neste caso, os Yanomami –, culminando com a discussão sobre as relações entre Andujar e este mesmo “outro”.