VIOLÃO BRASILEIRO COM INFLEXÃO JAZZÍSTICA: UM RECORTE ESTILÍSTICO DE PRÁTICAS DE VIOLONISTAS DO BRASIL

Este trabalho discorre acerca de uma notável vertente estilística dentro do complexo constructo nomeado por “violão brasileiro”, campo dotado de enorme variedade de propostas estilísticas. As composições para violão de Villa-Lobos (1887-1959), as peças de Garoto (1915-1955), Dilermando Reis (1916-1977) e Baden Powell (1937-2000) e a “batida” da bossa-nova são apenas alguns exemplos canônicos dessa pluralidade de concepções. Sob essa ótica, há um grupo de violonistas que absorve explicitamente elementos do jazz, do pensamento jazzístico de harmonização e improvisação e da guitarra jazzística, mas que, ao mesmo tempo, mantêm estreita relação com gêneros populares urbanos da música brasileira, sobrepondo e manejando elementos de ambas as culturas. Entre esses instrumentistas, notam-se expoentes como Bola Sete (1923-1987), Hélio Delmiro (1947), Romero Lubambo (1955), Lula Galvão (1962) e Diego Figueiredo (1980). Tendo em vista que há pouca discussão acadêmica acerca dessa possível vertente de violonistas, encontra-se um campo aberto para: i. problematizações e discussões acerca das práticas desses músicos; ii. uma possível nova categorização da atividade musical desses violonistas, inserida no constructo sócio-cultural intitulado “violão brasileiro”. Dessa forma, o objetivo principal é refletir a respeito de uma vertente estilística de violonistas brasileiros cuja prática não está bem categorizada e analisada academicamente, visando suprir essa lacuna e propor novas contribuições acerca deste eixo temático. Por estar inserido na área de Estudos intrumentais e Performance musical, parte do trabalho consistiu em criar composições musicais e arranjos, que dialogam com questões levantadas e discutidas ao longo da tese, evidenciando, portanto, a natureza artística e criativa da pesquisa.