V(I)ELAS DA MEMÓRIA: DANÇAS TECIDAS NA FAVELA DO REAL PARQUE-SP

Mestrado em Artes da Cena
Orientando
Cristina Santos da Silva
Orientador
Daniela Gatti
Data
Sex, 11 de mar de 2022 às 09:00hs
Local
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Resumo

Este trabalho é teórico e prático e busca contribuir para o campo expandido da dança contemporânea fundamentado em epistemologias negras, partindo das experiências vividas dentro da favela do Real Parque, localizada na cidade de São Paulo. A pesquisa está apoiada no conceito de escrevivência da professora Conceição Evaristo e de rememória de Toni Morrison. As fontes de inspirações poéticas são os livros Becos da Memória de Evaristo (2017), Amada de Morrison (2007) e as obras da artista multidisciplinar Grada Kilomba. As colaboradoras da pesquisa enviaram "cartas-rememórias", contribuindo para a criação imagética da dança. Desse modo, teceu-se uma nova narrativa sobre as experiências atreladas ao processo de urbanização e transformação da favela relacionado com o processo criativo. O objetivo foi, a partir do estudo do movimento, investigar: Como transformar as experiências traumáticas em processos de cura? Como se tece a dança que brota do cotidiano da favela em constante transformação? A memória evocada no corpo em dança atrelada a narração de texto autoral possibilita reposicionar a história do corpo negro em cena em busca de continuidade? Nessa perspectiva, as literaturas negras foram fundamentais para a reelaboração de uma autoimagem positivada enquanto mulher negra e artista da dança. Em decorrência disso, criou-se um material artístico que envolveu as memórias e a escrita do texto poético autoral, À casa 377. A pesquisa é escrita em primeira pessoa, dando importância às mulheres negras e suas subjetividades que são constantemente negligenciadas e, infelizmente, ainda são marcadas pelo racismo institucionalizado. Por essa razão, atentou-se às teorias que olham a negritude e o empoderamento enquanto ferramenta de libertação do corpo em dança. Para além das experiências traumáticas, é importante perceber que existem outros modos de ser e pensar que podem vir a contribuir para ampliar a diversidade dos estudos epistêmicos negros na Dança.