A CULTURA DO ROTEIRO NO CINEMA BRASILEIRO: UM BREVE PANORAMA

Esta pesquisa busca privilegiar o roteiro em um percurso de investigação histórica e estética do cinema de ficção de longa-metragem brasileiro, iluminando o papel deste objeto na cultura e na indústria audiovisual brasileira através do tempo, desde os primórdios do cinema feito em solo brasileiro até os dias atuais. Para alcançar esses objetivos, foram utilizadas diferentes estratégias metodológicas, principalmente levantamento bibliográfico e historiográfico, consulta de fontes primárias e secundárias de dados, incluindo roteiros originais de filmes brasileiros, entrevistas com roteiristas, acadêmicos e professores de roteiro e reflexão crítica sobre roteiros cinematográficos, incluindo análises textuais e fílmicas. A partir de cinco estudos de caso de roteiros originais de filmes brasileiros – O Caçador de Diamantes (1934), O Homem do Sputnik (1959), O Bandido da Luz Vermelha (1968), Central do Brasil (1998) e No Coração do Mundo (2019) – pretende-se mapear aspectos do roteiro enquanto formato e processo criativo no cinema brasileiro, como a tendência a idiossincrasias e a não ter um modelo unificado de referência; uma abertura consciente ao improviso; a presença de um “realismo brasileiro” e um diálogo significativo com outros meios, como o rádio e a TV, sobretudo com produtos audiovisuais como a telenovela, tanto na criação e estruturação quanto na formatação das narrativas. O que se deseja alcançar, na prática, é uma reflexão sobre a cultura do roteiro no cinema de ficção de longa-metragem brasileiro a partir de um breve panorama histórico, estético, formal e teórico, identificando as possíveis maneiras como as conjunturas sociais, políticas, econômicas, estéticas e ideológicas afetam a forma como os roteiros de longa- metragem de ficção brasileiros são pensados e elaborados.