Let your body movie: narrativas com arquivos, tensões intermidiáticas e coreografias esperadas.
Maria Ilda Trigo
Paulo Cesar Da Silva Teles
Seg, 26 de maio de 2025 às 14:00hs
Modo híbrido (à distância pelo link e presencialmente na Sala 03 da CPG/IA)
A pesquisa de Doutorado da qual esta tese é o principal registro desenvolveu-se em três direções. Primeiramente, houve a produção de uma série de trabalhos artísticos, dentre os quais se destaca a instalação multimidiática intitulada Dê um rolê. Depois, os registros de processo, realizados sistematicamente e aqui apresentados. Por fim, a escrita da tese, que busca, a um só tempo, compartilhar o processo de composição das obras artísticas e pensar rigorosa e academicamente sobre ele.
Todos os resultados artísticos foram realizados a partir da apropriação de parte do acervo de fotografias de minha família, tomado como objeto cultural. Foi realizado um mapeamento na parte digitalizada desse acervo, com fotografias que cobrem o período de tempo entre os anos 1960 e 1980, extraindo-se dele todos os rostos que não estavam olhando para a câmera no momento do clique. Esse trabalho de mapeamento resultou num corpus de 483 rostos, que foi utilizado para a construção dos trabalhos plásticos.
Paralelamente a essa busca, que durou 3 anos, ocorreu a exploração de conteúdos que dialogassem com essas “novas” imagens, a saber: narrativas audiovisuais de ampla circulação pelo meio massivo “televisão”, no mesmo período da produção do arquivo. Como exemplo, há o filme da Cinderella, da Disney, que, apesar de ser da década de 1950, assisti muitas vezes na TV durante a infância.
Em relação ao texto da tese, ele está organizado em quatro capítulos. No primeiro, apresenta-se o trabalho Dê um rolê, acompanhado de detalhada descrição, além da metodologia adotada para a pesquisa. Os demais capítulos (2, 3 e 4) estão organizados conforme os núcleos de discussão anunciados no título: arquivos, intermidialidade e performances sociais.
Essa organização diz respeito a um percurso de descobertas artísticas e conceituais que são apresentadas ao leitor conforme ocorreram no processo de pesquisa: primeiramente, descobriram-se a força dos arquivos e das narrativas que encerra; depois, notou-se que essa força queria tomar forma, nas propostas artísticas, como experiências intermidiáticas necessariamente tensas, porque advindas de uma luta, ou pelo menos de uma negociação. Por fim, o próprio fazer intermidiático acabou por me empurrar para as performances contidas no arquivo e que estavam em conexão com performances outras, ditadas pelo mass media.
O resultado desse percurso foi a descoberta daquilo que no arquivo pungia: as injustas relações de gênero, desenvolvidas no seio mesmo da família feliz.