Quando ela toca Jobim: Groove e Interação Musical no trio de Eliane Elias, na década de 1990

Doutorado em Música
Orientando
Isac Rodrigues de Almeida
Orientador
Antonio Rafael Carvalho dos Santos
Data
Qui, 29 de jan de 2026 às 14:00hs
Local
Aluno irá informar a sala (a definir)
Resumo

Esta tese trata sobre groove e processos de interação musical durante a prática da improvisação, em performances do trio de Eliane Elias, na década de 1990. O objeto de investigação foi parte do concerto “Eliane Elias e convidados”, realizado durante o Heineken Concerts, em 1996, em São Paulo, no qual a pianista tocou ao lado dos músicos Marc Johnson (contrabaixo), Jack DeJohnette (bateria) e Manolo Badrena (percussão). Foram selecionadas 3 performances para a transcrição de trechos significativos (piano, contrabaixo e bateria) e realização de análise musical, sendo todas de composições de Antonio Carlos Jobim. Para o estudo do groove, o referencial teórico se baseou em Câmara e Denielsen (2018), Matthew Butterfield (2006) e Christopher Stoven (2006), buscando colocar em evidência a combinação de elementos estético-musicais do samba e do jazz, entendidos como práticas musicais afrodiaspóricas. Quanto à interação musical, as análises estão fundamentadas em Garrett Michalesen (2013), Ingrid Monson (1996) e Benjamim Givan (2016). Foi também elaborada uma narrativa biográfica sobre Eliane Elias, que abrangeu uma discussão sobre “bimusicalidade”, com referência a Mantle Hood (1961) e Stephen Cottrell (2007), jazz e interculturalidade, considerando Jason Stanyek (2004) e Christopher Washburn (2012), além de música e relações de gênero, com a contribuição de Susan McClary (1990), Erin Wehr (2016) e Susan Campos Fonseca (2013). As análises destacaram a importância dos eventos que ocorrem na subdivisão de fraseados como potentes marcadores estilísticos negociados pelos músicos na elaboração de grooves, e a interação musical como uma narrativa que possui dinâmicas previsíveis, com base na tradição dos estilos de jazz, e ao mesmo tempo, em aberto, onde convenções de tempo, harmonia, forma e papéis dos instrumentistas podem ser severamente tensionadas, embora, no caso do grupo em questão, nunca completamente desconfiguradas. O texto biográfico evidenciou tensionamentos num lugar extremamente competitivo da indústria fonográfica, ao abordar a ascensão de uma jazzista de origem brasileira, estratégias de manutenção da carreira ao longo de 40 anos, e uma liderança que lhe permite agregar múltiplas funções e estabelecer negociações em torno da imagem de sua persona artística.