Esta pesquisa propõe demonstrar como é possível desenvolver um processo de análise musical e de preparação performática inicial sem depender exclusivamente da partitura tradicional, tomando como ponto de partida a escuta ativa e a representação gráfica inspirada nos princípios da Teoria da Gestalt. O estudo tem como objeto o Concerto da Requiem – In memoriam Toru Takemitsu II (2007), do compositor e violonista cubano Leo Brouwer (1939), obra de maturidade que sintetiza aspectos fundamentais de sua estética e reflete uma profunda meditação sobre a morte, a memória e a transcendência. A investigação insere-se no campo das práticas interpretativas e da música como performance, propondo uma alternativa à análise tradicional baseada na escrita. O percurso teórico-metodológico articula as reflexões de Nicholas Cook (2013) sobre a musicologia “além da partitura” com os princípios perceptivos da Teoria da Gestalt, conforme desenvolvidos por Morais (2017), Gomes Filho (2008) e Koellreutter (1987). Inspirada ainda nas proposições de Delalande (2014), Garcia (2010) e Wilde & Duarte (2022), a pesquisa compreende a obra como uma experiência perceptiva e simbólica em que escuta, imagem e performance se inter-relacionam. Entre os resultados, destaca-se a elaboração de partituras gráficas de escuta que representam visualmente o percurso auditivo e revelam as relações entre tempo, timbre, textura e memória. Ao deslocar o foco da notação para o som, o estudo amplia as possibilidades de análise e interpretação musical, oferecendo ferramentas concretas para o trabalho interpretativo e contribuindo para a compreensão do pensamento estético e composicional de Brouwer, bem como para o aperfeiçoamento das práticas performáticas contemporâneas.