Com a finalidade de obter uma performance coerente e a bom termo de execução entre uma orquestra sinfônica, um trio de baião (acordeão, triângulo e zabumba) e um solista (sax soprano/pífano), este trabalho se propõe a investigar a composição e arranjo autoral: Variações de Baião e Maracatu. Mais do que nos resultados, o foco desta investigação se dá na construção do processo criativo da prática interpretativa musical com suas vicissitudes, a fim de produzir conhecimento através de uma experiência prática musical. Para tanto, ambientados a partir da preparação de um repertório com obras estritamente brasileiras, abriu-se um ciclo de oito encontros musicais com a referida formação, contendo: cinco ensaios divididos entre uma dinâmica de música corporal, palestras e oficinas práticas ministradas por especialistas aos naipes de percussão, cordas e sopros. Como produto final este processo criativo resultou-se em dois concertos ao vivo. Neste período, buscou-se discutir questões interpretativas musicais, com ênfase a assuntos correlacionados ao fraseado melódico, e a sincronia rítmica, explorando elementos contingentes para além da partitura, como a cognição musical, a oralidade, a corporeidade, o timbre, a extemporaneidade, e o swing. Para isso, na investigação da composição estudada, Variações de Baião e Maracatu, objeto central de pesquisa, deliberou-se estrategicamente experiências performáticas em duas formações musicais diferentes que foram gravadas em áudio e vídeo de forma laboratorial e ao vivo. A primeira, com piano, duas percussões, e o sax soprano/pífano, executando a redução do arranjo orquestral; a segunda, com trio de baião (zabumba, triangulo e acordeão), sax soprano/ pífano somando-se uma orquestra sinfônica. Sobretudo, aportado por uma prévia revisão bibliográfica específica, a pesquisa contou também com entrevistas, palestras, oficinas, e uma dinâmica de música corporal, além de análises colaborativas dos participantes, abarcando de modo integrado as observações do autor desta tese, alinhando teoria e prática sob uma abordagem autoetnográfica. As intercorrências durante o processo criativo se deram escritas em um diário reflexivo, e foram verificadas nos registros de áudio e vídeo, para além do antes e durante compor ainda, uma avaliação posterior sobre os resultados artísticos de todo processo criativo e performático. Como fruto dessa investigação artística, gerou-se a partir desse material um protocolo prático com estratégias e sugestões interpretativas, destinado a grupos sinfônicos que se interessem pelo assunto, contribuindo então para o desenvolvimento no exercício profissional dos músicos envolvidos, trazendo assim, nesta investigação artística, produção de conhecimento na área da prática interpretativa musical.