PIERRE HUYGHE AGENCIAMENTOS ENTRE MULTIESPÉCIES
Caró de Castro Brandão
Maria Jose De Azevedo Marcondes
Seg, 19 de maio de 2025 às 10:00hs
Sala 03 da CPG/IA
A presente dissertação de mestrado tem como objetivo analisar e situar a produção poética e conceitual do artista Pierre Huyghe entre os anos 1992-2012, com ênfase na contextualização teórica, histórica e crítica dos marcos poéticos e discursivos em sua trajetória e produção artística. A pesquisa propõe um enfoque na relação de influência, proposição e inserção das práticas poéticas e conceituais de Huyghe em diálogos com agentes e instituições internacionais ao longo de sua trajetória. Os quais tem seu ponto de partida nos debates artísticos dos anos 90 sobre o andar como prática poética e da a arte relacional, e que a partir dos anos 2000 direcionam-se se enviesam para debates ecológicos envolvendo a construção de sistemas catalíticos de acontecimentos, relações entre multiespécies e o antropoceno.
O primeiro capítulo analisa as obras "Trajets" (1992), "Extended Holidays” (1996), "Les Passagers” (1996), “Associação do tempo livre” (1995), Billboards (1994-1997), Anna Sanders: I’ histoire d'un sentiment- (1996 -1997) e No Ghost, Just a Shell - Ann lee (2000-2002), a partir de um recorte das relações primárias e pontos de partida poéticos e conceituais de tais obras em relação ao contexto histórico e contemporâneo em Paris nos anos 90, perpassando os debates Situacionistas e as proposições sobre a “genealogia do caminhar” conceitualizadas por Francesco Careri; e a inserção de sua obra em diálogo com a proposição de "Arte Relacional" proposta por Nicolas Bourriaud.
O segundo capítulo contextualiza como as influências e proposições iniciais de Huyghe são cruciais para entender a evolução, contextualização e leitura crítica das obras “L’Expédition Scintillant: a musical (2002)” , “A journey that wasn't (2005)“, “ A Forest of Lines (2008)” e “Untilled (2012)”". Situando tais obras em uma leitura que as posiciona em relação ao contexto da própria produção de Huyghe; das propostas curatoriais das exposições onde estão inseridas; e do diálogo e leitura das obras sob uma perspectiva dos debates ecológicos contemporâneos situados a partir dos conceitos de inter-relação entre “multiespécies”, cosmopolítica e o antropoceno propostos por distintos autores, tais como Isabelle Stengers, Donna Haraway, Déborah Danowski e Eduardo Viveiros de Castro e pela curadora de arte Carolyn Christov-Bakargiev.
Neste contexto, o conjunto das obras e proposições conceituais selecionadas, visam partir da produção artística e conceitual de Huyghe, assim como de sua inserção e diálogo com agentes institucionais e acadêmicos a nível internacional. Para situar algumas etapas do processo de inserção, desenvolvimento e instauração de práticas poéticas e conceituais oriundas de debates sobre ecologia, antropoceno e relações entre multiespécies na arte contemporânea.