PROCESSOS DE GESTAÇÃO ENTRE A ARTE E A VIDA: das escritas de si à cena interlinguagens

Esta pesquisa-criação é um percurso por diversos ciclos vividos, que tiveram como ponto nevrálgico as metamorfoses de uma mãe. O sujeito em processo torna-se epicentro da investigação e suas vivências da carne tornam-se as materialidades para o emergir das corporeidades e escritas de si que impulsionaram o processo de criação do espetáculo interlinguagens Uterina. Uma obra artística, um caleidoscópio de perspectivas de uma mãe e artista, que em sua coexistência múltipla inventam uma nova mulher. Uterina tomou corpo ao longo de uma grande caminhada, do impacto e atravessamento dos acontecimentos da vida e do mundo, da digestão dos fatos, da decantação da experiência. O objeto artístico tomou a sua forma a partir de todo esse percurso investigativo, em suas turbulências, desvios, silêncios, mergulhos e tomadas de fôlego. Desta indissociabilidade entre arte e vida, pesquisa e criação é que trata essa investigação. Na escrita tento traçar momentos-chave e os problemas da pesquisa, como detonadores dos movimentos que deram corpo a esse processo de criação e seu arcabouço teórico. Feminismos, pesquisa-criação, cena interlinguagens, corporeidades, práticas somáticas e espaciais, anatomia vivencial, escritas de si, reinvenção de si, autoficção, cartografias, memória emblemática, antimemória, biografema, tempo espiralar, dramaturgia plural, dispositivo cênico, escritura cênica, ação incorporada, imagens encarnadas, corpo político e corpo sagrado são temas que perpassaram as práticas e teorias esmiuçadas nesta investigação dos processos de gestação entre a arte e a vida.

Dentro dessa noção espiralada do tempo e da arte, divido as ebulições criativas dessa trajetória, em Ciclos e Movimentos, como epicentros que detonaram a pesquisa.