REFAZENDO OS INTERIORES: SERTÃO E CONTRACULTURA EM GILBERTO GIL

Mestrado em Música
Orientando
Vinícius Rangel Souto
Orientador
Hermilson Garcia Do Nascimento
Data
Sex, 19 de jan de 2024 às 14:00hs
Local
Sala 31 Depto. Multimeios/IA
Resumo

A presente dissertação tem como objeto de estudo o álbum Refazenda (1975), de Gilberto Gil. Parte-se do entendimento de que há duas narrativas centrais ao longo do álbum, que podem ser sintetizadas no significante interior. A primeira delas diz respeito às origens de Gilberto Gil no sertão da Bahia, o interior compreendido em um senso geográfico, o local e sua respectiva cultura particular, que se evidencia em canções como Lamento Sertanejo, Tenho Sede, Jeca Total, Ê, povo, ê e Refazenda. Já na segunda narrativa estrutural do álbum, o significante interior é interpretado como o pessoal, o íntimo, o auto-conhecimento do indivíduo, vinculado às percepções trazidas com a Estrutura de Sentimentos da contracultura, vivenciada pelo compositor sobretudo no exílio em Londres. As canções Pai e Mãe, Retiros Espirituais e Meditação são exemplos representativos desse segundo eixo temático que compõe o álbum. Pretende-se, portanto, compreender de que modo Gilberto Gil articula esteticamente essas duas referências – o sertão e a contracultura – no Refazenda, considerando metodologicamente quatro dimensões fundamentais para a análise: os textos, os contextos, as poéticas e as condições de recepção e circulação do álbum. Por fim, embasados pelo procedimento analítico realizado, propõe-se uma interpretação do álbum Refazenda como a atualização do discurso de um imaginário de sertão sob a perspectiva da contracultura, no contexto sociopolítico brasileiro da década de 1970.