A tese parte da trajetória da autora, arte/educadora aposentada da educação básica, para refletir sobre as possibilidades de aproximação pela mediação entre as práticas de Arte/Educação desenvolvidas em escolas e em museus de arte. Amparada por ampla bibliografia e orientada por um viés fenomenológico, a pesquisa revisita o lugar da Arte/Educação: apresenta um breve percurso histórico que vai da ancestralidade dos povos originários à hegemonia francesa, da Escola Nova à LDB, da BNCC à [aflitiva] contemporaneidade; analisa o trabalho dos educativos de museus de arte, evidenciando tanto sua relevância como mediadores da experiência artística quanto as dificuldades de afirmação e protagonismo dentro das próprias instituições. Conclui-se que a Arte/Educação exige profissionais com plena autonomia para desenvolver pesquisas, criar propostas e estabelecer relações significativas com seus públicos – dimensão que o texto denomina poética docente. Essa docência, alicerçada em percepção, sensibilidade, escuta e palavra, busca potencializar a experiência estética do estudante, esteja a arte nos livros, no cotidiano, nas ruas ou nos museus. Pergunta-se, então, como essa docência plena pode colaborar para a fruição nos processos de mediação, no interesse pela arte e na interpretação da mesma. Para tal, a pesquisa dialoga com Aby Warburg, especialmente com o Atlas Mnemosyne, no qual obras de diferentes épocas tensionam e conversam com imagens heterogêneas que evocam permanência do universo visual. Inspirada nesses estudos, propõe-se uma ferramenta experimental de mediação que articula memórias visuais pessoais e obras de arte, fortalecendo o protagonismo na experiência estética. Assim, ao articular educadores escolares e museais, vislumbra-se a potência de pesquisas e criações que tragam ao museu as demandas e saberes da escola e que, simultaneamente, enriqueçam a escola com a experiência viva da arte.