Esta pesquisa busca estabelecer uma abordagem inovadora para investigar a Ecologia de forma condizente com suas características e emergências contemporâneas. Para tal, delimita um campo de problematização em um escopo que compreende o Antropoceno enquanto latente de desfechos distópicos e pergunta como as Artes da Cena podem intervir para impulsionar o desejo de mudanças ecocentradas. O objetivo é utilizar recursos próprios das salas de ensaio e dos palcos para vivenciar tácita e reflexivamente a atualidade de uma relação áspera entre natureza e cultura, bem como, para cultivar a habilidade de habitar problemas e fabular outros mundos possíveis como proposto por Donna Haraway. Com inspiração no estudo da Prática como Pesquisa, este trabalho inventa e testa modos cênicos de reflexão, assim, assume-se como práxis e toma a prática artística como modo de articular saberes. Apoiando-se na leitura de autores como Bruno Latour, analisa as condições da permanência da espécie humana no planeta e, com o apoio de Malcom Ferdinand, frisa a importância do decolonial, dos direitos da Terra e da coexistência multiespécie nesta permanência. As principais proposições nas quais esta jornada artística e acadêmica se desenvolveu foram o espetáculo Devaneios Urbanos e a vídeoperformance Devaneios Ecológicos, obras que demonstram o processo criativo como metodologia de pesquisa, que revelam o imbricamento entre vivência proprioceptiva, expressão criativa e epistemologia e que comprovam o potencial da arte na interação com o não-humano e no reconhecimento de seu valor intrínseco.