NOS PASSOS DA DANÇA NEGRA DE ORIGEM BANTU: DO TRADICIONAL AO CONTEMPORÂNEO

O objetivo deste trabalho é analisar a Dança Negra Tradicional Guerreira de Origem BaNtu, especificamente em Moçambique (XIGUBO) e África do Sul (INGOMA, INDLAMU) e suas contribuições para formação das danças brasileiras de origens negras. O foco principal dessas reflexões versa sobre o desaparecimento das danças guerreiras de origem negra no Brasil. Desaparecimento que deixou resquícios históricos de sua existência e de suas relações de técnicas corporais e de corporeidade. As danças Xigubo, Ingoma e Indlamu são danças do povo Zulu, de origem BaNtu do sul do continente africano. As relações históricas e técnicas são percebidas em danças tradicionais de origem negra no Brasil, como exemplo, nas danças: Congado, Moçambique e Maracatu. Neste trabalho, fundamentaremos a necessidade de que o colonialismo teve em desenvolver estratégias para o apagamento da imagem da rainha Nzinga e do Rei do Congo nas danças tradicionais brasileiras de origem negra, que originalmente os cortejos simbolizavam a coroação e a união simbólica das duas nações, Congo e Angola, pertencentes à civilização de origem BaNtu. Essas estratégias foram cuidadosamente articuladas e desenvolvidas pelos senhores de escravos e religiosos, ao longo dos séculos XVI, XVII e principalmente XVIII, transformando as danças guerreiras negras em uma procissão religiosa católica, substituída o Rei do Congo por São Benedito e a Rainha Nzinga por Nossa Senhora do Rosário. A substituição por imagens católicas, sofreu graves danos à identidade e à concepção do mundo das comunidades negras, o que ainda afeta, não apenas a corporeidade e a dança, mas sobretudo as relações sociais entre negros e brancos, o combate às políticas estruturais raciais e racistas, mantendo os privilégios por mais de 500 anos da população branca em relação à população não branca e não asiática.