Adélia Sampaio passou a ser amplamente reconhecida como a primeira mulher negra a dirigir um longa-metragem no Brasil após a tese de Edileuza Penha de Souza (2013). Desde então, sua obra tem sido recuperada em mostras, homenagens e pesquisas acadêmicas, consolidando seu nome no campo atualmente denominado Cinema Negro no Feminino, no qual seu pioneirismo ganha destaque. Apesar disso, sua longa trajetória, iniciada na década de 1960 na Difilm, ainda permanece pouco explorada pela história do cinema brasileiro. Esta dissertação investia a trajetória de Adélia Sampaio desde seus primeiros trabalhos, buscando compreender não apenas como a cineasta foi analisada e enquadrada criticamente em três períodos distintos (o Cinema Novo, o Cinema de Mulheres e o contemporâneo Cinema Negro no Feminino), mas também como ela própria se posiciona e se reconhece (ou não) em cada um desses contextos. A análise articula recepção crítica, entrevistas da cineasta e documentos de imprensa, evidenciando tensões na construção da memória sobre Adélia Sampaio.