Pecadoras, monstras e subversivas: representações femininas em Medusa e Raquel 1:1
Ana Catarine Mendes da Silva
Luiza Cristina Lusvarghi
Qui, 28 de ago de 2025 às 14:00hs
Esta pesquisa tem como objetivo analisar as múltiplas representações femininas construídas nas personagens protagonistas dos filmes Medusa (2021), de Anita Rocha da Silveira, e Raquel 1:1 (2022), de Mariana Bastos, a partir de um diálogo com os estudos de gênero e o cinema de horror. Ambos os filmes foram dirigidos por cineastas brasileiras mulheres, cujas produções se destacam por explorar tensões entre repressão, desejo e fé em contextos marcados pelo conservadorismo e pelo fundamentalismo religioso. A escolha dessas produções se justifica pela relevância de suas narrativas no cenário contemporâneo do cinema nacional, bem como pela perspectiva de autoria feminina, que contribui para a construção de discursos que desafiam e ressignificam os papéis tradicionalmente atribuídos às mulheres no gênero de horror. Lançadas com apenas um ano de diferença, as duas produções apresentam protagonistas que vivem experiências intensas de controle moral e corporal, estabelecendo conexões simbólicas com a realidade social brasileira. O estudo parte do pressuposto de que o horror, enquanto gênero cinematográfico, historicamente reforçou estereótipos femininos, mas também tem se configurado como um espaço fértil para a subversão dessas imagens. Para tanto, a análise está ancorada em uma abordagem qualitativa, baseada na análise narrativa e estilística proposta por David Bordwell e Kristin Thompson, além de dialogar com autoras como Laura Mulvey, Barbara Creed, Julia Kristeva e Linda Williams, cujas contribuições teóricas são fundamentais para pensar as relações entre gênero e representação no cinema. O percurso metodológico inclui, ainda, uma contextualização do horror brasileiro contemporâneo, com destaque para a atuação de diretoras mulheres no gênero, a fim de compreender como suas obras ampliam as possibilidades expressivas do audiovisual. Por meio dessa investigação, busca-se contribuir para as discussões acadêmicas sobre feminismo, representação e horror no cinema nacional.