Intitula-se "à flor da pele" um conjunto de séries fotográficas obtidas a partir de uma adaptação da técnica do cliché-verre: uma placa de vidro transparente é coberta por uma película de fuligem, a placa assim preparada é pressionada contra o corpo do artista, criando, assim, uma imagem-cicatriz, dado que o contato com a pele faz romper a uniformidade da película de fuligem. Como resultado, a textura da pele - seus poros, pelos, rugas e dobras -, são convertidos em informação gráfica - pontos, linhas, manchas. O negativo ou matriz assim produzido é, em seguida, copiado sobre suportes fotossensíveis, como o papel fotográfico de gelatina e prata ou papel sensibilizado com reagente para cianotipia. Esta pesquisa debruça-se tanto sobre as imagens produzidas quanto sobre seu gesto criador, para refletir sobre os processos de autorrepresentação nas artes visuais e sua articulação com o corpo e a identidade. Em paralelo, foi investigada a questão de como apresentar estas imagens, tomando o livro de artista, o ensaio gráfico e o políptico como estratégias para exibição do trabalho.