Esta pesquisa examina como diferentes materiais, procedimentos e formas de fabulação participam da construção de modos de habitar no campo da arte contemporânea. A partir da análise de um conjunto de trabalhos desenvolvidos ao longo dos últimos anos, a investigação propõe a Casa-Floresta como conceito capaz de aproximar dimensões naturais, arquitetônicas e tecnológicas. Essa formulação nasce do acompanhamento dos comportamentos da matéria, de processos de ateliê e de práticas que envolvem deslocamento, observação e experimentação formal. O percurso organiza-se em três núcleos. O núcleo Floresta reúne trabalhos que exploram relações entre corpo e ambiente por meio de estruturas abertas, densidades minerais e formas que sugerem transformação contínua. O núcleo Casa desloca essa atenção para o cotidiano doméstico, tomando fragmentos, ruínas, interiores e pequenas ações como operadores de sentido. Já o núcleo Casa-Floresta articula elementos naturais e construídos com dispositivos de captação, som e programação, ampliando o campo das relações possíveis entre matéria, gesto e tecnologia. O estudo dialoga com autores que refletem sobre vida, espaço e processos de metamorfose, como Emanuele Coccia, Gaston Bachelard, Vilém Flusser, Yi-Fu Tuan e Ailton Krenak. Esse conjunto teórico sustenta a análise das obras e contribui para compreender como formas artísticas reorganizam percepções e ampliam as relações entre humano e não humano. A pesquisa propõe que o habitar pode ser pensado como um processo em constante recomposição, no qual materiais e atmosferas criam situações de convivência entre interior e exterior, presença e ambiente. Ao articular criação e reflexão crítica, a dissertação situa a Casa-Floresta como forma de investigação, indicando sua relevância para pensar práticas artísticas que tratam de ecologias, temporalidades e modos de coexistência. O estudo destaca o papel da arte na elaboração de imagens e experiências que interrogam o lugar do corpo no mundo e sugerem outras maneiras de habitar o espaço.