As experiências com o nitrato de prata, componente químico necessário até hoje para a obtenção de registros fotográficos analógicos, são conhecidas desde a Idade Média e do período do Renascimento. No século XIX, o franco-brasileiro Hercule Florence, o primeiro inventor a cunhar o termo “fotografia”, já sonhava, durante suas pesquisas no interior de São Paulo, com um método para gravar as imagens em cor projetadas na sua câmera escura, antes mesmo de descobrir como fixá-las em um suporte. Em 1838, a descoberta da fotografia foi oficialmente anunciada na França, simultaneamente, quando um inglês apresentou à academia suas descobertas na fotografia, com seus desenhos fotogênicos; duas descobertas distintas entre si, mas com um ponto em comum: um registro monocromático de uma imagem pela ação da luz. A presente pesquisa discute particularidades da colorização manual na fotografia e como essa prática inspira o meu percurso poético e criativo, a partir da perda, da ausência e de vestígios. A temática se apoia na prática da técnica da calotipia, negativos de papel que servem de matriz para impressões em papel salgado, ambos processos desenvolvidos por William Henry Fox Talbot e utilizados para a captura dos registros fotográficos nesse trabalho.