EU NÃO ME LEMBRO. UMA NARRATIVA AUTOBIOGRÁFICA EM ARTES VISUAIS

Esta dissertação investiga os processos artísticos e autobiográficos que emergem da minha produção em artes visuais, dos objetos/livros de artista e de uma instalação, que tem relação com minha avó materna, cuja trajetória foi atravessada pelo Alzheimer. A partir dessa vivência, busco refletir sobre como a memória e o esquecimento podem se transformar em matéria poética e visual. Utilizo a técnica da gravura em matriz de tetrapak como ferramenta para materializar minha pesquisa, incluindo rasuras, rasgos, símbolos, dobras e camadas de significação em busca de apresentar uma trajetória que se estende para o campo poético. A produção é feita de forma experimental e conceitual, combinando pedaços de matrizes e reutilizando-as para criar uma combinação de elementos que se repetem, se complementam e por vezes se perturbam. As obras produzidas — Fado, Entreatos, Nebuloso e Décoller — constituem um percurso em que a memória se manifesta como vestígio e ausência, tornando a prática artística uma forma de ressignificação da experiência da perda.