Projeto Primeira Nota completa dez anos com iniciação e formação musical de 3,2 mil alunos



Em 2024, o Projeto Primeira Nota, parceria de extensão entre o Instituto de Artes da Unicamp (IA) e a Prefeitura Municipal de Campinas, completou dez anos de existência. Neste período, a iniciativa permitiu a iniciação e formação musical de 3,2 mil crianças e adolescentes entre 6 e 14 anos, além de dar oportunidades de estágio a centenas de estudantes de Música da universidade, contribuindo para as suas formações acadêmicas e permitindo o contato com a docência ainda durante a graduação.

“O Instituto de Artes sempre quis ter um projeto de educação musical no município de Campinas e nestes últimos dez anos pudemos organizar uma iniciativa desse porte. É muito importante para o IA e para o Departamento de Música, em especial, que tenhamos uma conexão, uma via dialógica com a sociedade e que esteja de acordo com os nossos princípios, que é oferecer uma formação cidadã completa aos nossos alunos”, explica o diretor do IA e idealizador e coordenador do projeto, Prof. Dr. Fernando Hashimoto.

As aulas do Primeira Nota acontecem no Centro Escolar Municipal de Música Manoel José Gomes (CEMMANECO) e não é necessário que as crianças tenham conhecimento musical. Os alunos de 6 a 10 anos têm aulas de iniciação e, após esta idade, podem optar pelo aprendizado de um instrumento. Os estagiários são graduandos em Música no IA e o projeto tem três monitores fixos. As inscrições são abertas no início do ano letivo e são prioritárias para crianças da rede municipal de ensino. Havendo vagas remanescentes, estudantes da rede estadual e até de escolas particulares podem participar.

“O projeto tem um papel importante para a educação, mas também de inclusão social, dando oportunidade para muitas crianças e adolescentes aprenderem música e poderem se apresentar em público. Um diferencial importante é que os instrumentos são emprestados para que eles possam estudar em casa. Além disso, temos, hoje, 15 estudantes Pessoas com Deficiência (PcD) que estão incluídos no projeto e se apresentam nos nossos concertos “, relata Leila Sarubbi, diretora do projeto e integrante da Secretaria Municipal de Educação.

Segundo o também idealizador e coordenador do Primeira Nota e docente do IA, Prof. Dr. Paulo Ronqui, outras características relevantes do projeto são o fato de oferecer aulas no contraturno dos estudantes – ou seja, as atividades são realizadas nos períodos fora da sala de aula do ensino formal – e de propiciar uma iniciação musical ainda na infância. “As crianças se sentem pertencentes a esse projeto e, mesmo seguindo ou não a área da música, levarão essa bagagem e herança cultural por toda as suas vidas”, afirma.

Experiência dos alunos

Duas ex-alunas do Primeira Nota, por sinal, foram aprovadas em Música da Unicamp e agora voltaram ao projeto como monitoras. Uma delas é Yasmin Guidi, que está no terceiro da graduação. Ela lembra que o conhecimento adquirido no CEMMANECO foi fundamental para sua aprovação no vestibular. “O projeto Primeira Nota é muito rico na teoria musical”. diz. “Os professores, coordenadores e estagiários sempre me ajudaram e indicavam o que eu poderia melhorar.”

Além da formação musical, Júlia Fernandes dos Santos, também ex-aluna do projeto e hoje integrante de um dos grupos de referência, destaca o convívio com colegas e a equipe do projeto. “Eu tive uma convivência muito boa com as crianças e com os professores que passaram por lá. Tive muitos momentos marcantes e acho que me faria muita falta se não tivesse participado do programa”, fala. “É um projeto importante para as famílias, as crianças e os adolescentes terem uma referência de cultura. Eu acho que é muito importante também para a vida”, completa a mãe de Júlia, Regina Fernandes.

Prática da docência

O Primeira Nota acaba sendo também a primeira experiência com a docência para os graduandos em Música. Victor Atanazio Pires é um exemplo disso. Ele foi monitor durante a graduação e atualmente é doutorando na Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos. “Foi uma experiência muito boa e aprendi muito quando estive lá. O projeto tem crianças muito talentosas”, lembra.

Um dos monitores fixos do projeto, Leonardo Matricardi é integrante do Primeira Nota desde o início das atividades e acredita que a iniciativa tem capacidade de ser instaurada em outras localidades. “Eu posso dizer que aprendemos a extrair o melhor desse modelo de projeto idealizado pela Unicamp. E ele pode ser replicado em outros lugares, com universidades e secretarias de educação.”

O diretor do IA reforça a solidez do programa em dez anos de atividades. “Eu acho que é um exemplo de extensão universitária, muito madura e bem-feita. Envolve muita gente em um projeto ambicioso e nesses dez anos comprovou ser um sucesso”, finaliza Hashimoto.