Dissertação de aluna de Multimeios vence prêmio de melhor produção de mestrado da Socine

A dissertação Cinema negro brasileiro: das identidades às fabulações, de Natasha Roberta dos Santos Rodrigues (com orientação do Prof. Dr. Gilberto Alexandre Sobrinho), foi eleita a melhor produção de mestrado do Prêmio Socine de Teses, Dissertações e Trabalhos de Conclusão de Mestrado e Doutorado – 2024. O prêmio, promovido pela Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (Socine), será entregue durante o XXVII Encontro Socine, em 25 de outubro de 2024, a partir das 16h30, em Campo Grande (MS).
A obra de Natasha analisa o ambiente do cinema do País ao longo dos séculos 20 e 21 e a maneira com que profissionais negros do audiovisual, como atores, produtores e cineastas, conquistaram espaço nas obras nacionais, quebraram estereótipos e criaram um discurso identitário que reconfigurou a luta por novas representações no cinema e no direito à autorrepresentação. “O chamado cinema negro brasileiro deixa de ser um acontecimento inédito para se tornar um campo vasto e crescente, onde se observam expressões plurais de negritude e disputas internas por visibilidade e reconhecimento”, afirma ela em seu trabalho.
Na dissertação, Natasha destaca que, nos últimos anos, produções de cineastas negros têm ganhado espaço em premiações, como Marte Um (2022, Gabriel Martins), eleito pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) como melhor filme brasileiro de 2022, além de ter sido indicado pela Academia Brasileira de Cinema como o representante brasileiro para concorrer ao Oscar de Melhor Filme Internacional de 2023, e Noites Alienígenas (2023, Sérgio de Carvalho), vencedor de seis prêmios no 50º Festival de Gramado – prêmios de Melhor Filme, Melhor Filme pelo Júri da Crítica, Melhor Ator (Gabriel Knoxx), Melhor Atriz Coadjuvante (Joana Gatis), Melhor Ator Coadjuvante (Chico Diaz) e Menção Honrosa ao ator Adanilo.
Apesar do reconhecimento, ela destaca que a participação de negros ainda é minoritária nas obras nacionais. Em seu trabalho, ela apresenta um estudo do Grupo de Estudos Multidisciplinar da Ação Afirmativa (GEEMA), que mostra as informações de raça e de gênero em cargos de direção, roteiro e atuação na produção audiovisual de grande público entre 1970 e 2016. Dos filmes de ficção que alcançaram público acima de 500 mil espectadores, 2% foram roteirizados por homens negros e somente uma mulher negra foi identificada, Julciléa Telles, que dividiu com Roberto Machado o roteiro do filme A Gostosa da Gafieira (1981).
Em relação à participação na direção, a participação de homens negros também somou 2%, enquanto nenhuma mulher foi identificada neste cargo. Soma-se a esses números os dados publicados pela Agência Nacional de Cinema (Ancine) sobre diversidade de gênero e raça nos longas-metragens lançados em 2016, no qual se observou que, dos 142 filmes lançados (97 ficções, 44 documentários e 1 animação), apenas 2,1% foram dirigidos por homens negros, enquanto nenhuma mulher negra assinou a direção de longa-metragem naquele ano.
A dissertação Cinema negro brasileiro: das identidades às fabulações está disponível no Repositório Intelectual da Unicamp.