Ex-aluna do IA ganha prêmio com trabalho sobre inclusão e acessibilidade

Daniella Forchetti e a apresentadora da premiação, Michele Carolina
Daniella Forchetti, doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Artes da Cena do IA, foi a ganhadora do XI Prêmio Denilto Gomes, na categoria Ações em Arte e Acessibilidade, pela Cooperativa de Dança do Estado de São Paulo. A cerimônia ocorreu no Centro de Referência da Dança da Cidade de São Paulo, no dia 20 de março.
O prêmio acontece desde 2013 e visa destacar a inclusão, a diversidade do pensar, o rigor artístico, o percurso de pesquisa continuada e a relevância das propostas ou ações para a comunidade da dança. Dessa forma, a premiação não necessariamente avalia um trabalho ou projeto de forma individual, podendo usar uma trajetória ou um conjunto de ações durante o ano para homenagear um artista.
“Os curadores têm a possibilidade de criar diferentes segmentos do prêmio a cada ano. Não é obrigatório que o segmento premiado em 2022 exista em 2023, por exemplo. O prêmio Ações em Arte e Acessibilidade foi criado para o trabalho que desenvolvo”, explica Daniella, que é graduada em Fonoaudiologia, com diversas especializações relacionadas às áreas artísticas e de inclusão e acessibilidade.
Ela conta que a relação com as artes se aprofundou durante o período de graduação, quando integrou o grupo de dança do Tuca/PUC-SP (Teatro da Universidade Católica). Ao se graduar, passou a utilizar as expressões corporais nos atendimentos de reabilitação. “Como terapeuta da fala, eu trabalhava com a possibilidade de as pessoas se expressarem por meio da dança. Eu utilizava, por exemplo, o recurso da língua de sinais e incorporava alguns gestos no movimento do trabalho, porque eu tinha pacientes surdos. Estudei também libras e me tornei uma audiodescritora”, diz.
No IA, seu projeto de pesquisa, que foi orientado por Ana Maria Rodriguez Costas, agregou elementos de performance artística com acessibilidade. Ela lembra que, como parte de seu doutorado foi realizada durante a pandemia, passou a explorar apresentações em vídeo com audiodescrição a fim de cumprir as exigências de distanciamento social. Com a volta dos eventos presenciais, ela pôde apresentar sua performance ao vivo em eventos nas instalações do Instituto e na Casa do Lago.
Dessa forma, ela pôde criar algo na linha de uma exposição imersiva, em que os sentidos se complementam a fim de aumentar a inclusão de diferentes tipos de públicos. “Na versão presencial, há uma performance junto com o vídeo, que pode ser assistida de olhos abertos ou fechados (por conta da audiodescrição). O espectador pode também ver a imagem e ler a legenda (caso não possa ouvir o som). Há, ainda, uma outra possibilidade em que a pessoa dança comigo a partir dos movimentos que eu reproduzo do vídeo”, explica.
Daniella pretende continuar desenvolvendo pesquisas acadêmicas no tripé formado por educação, arte e saúde, buscando formas de inclusão de diferentes públicos. “Por meio do trabalho artístico, podemos fazer proposições e permitir que outros artistas e profissionais se apropriem, no caso da acessibilidade, da forma que melhor lhes convir. É uma motivação para que esses artistas também possam repensar essas possibilidades.”