Em maio de 2017, durante a 3rd. International Printmaking Triennial de Belgrado, Biljana Vuckovic, Suzana Vuckovic e Lygia Eluf, decidiram organizar uma cooperação entre Brasil e Sérvia. O resultado da parceria é um evento colaborativo, com uma exposição dos professores e alunos de pós-graduação em Belgrado, e outra exposição dos professores artistas sérvios, na Galeria do Instituto de Artes (GAIA). Simultaneamente o coletivo colombiano Circuito Abierto, sob a orientação da professora Mariana Renthel e Angie Niño, aluna de pós-graduação em Artes Visuais do IA, enviaram uma proposta semelhante.
As exposições que foram apresentadas reúnem o material dos professores e alunos de pós-graduação do Instituto de Artes e a diversidade apresentada é o reflexo mais autêntico desta pluralidade de pensamentos que entendemos como necessária para a construção de uma área de conhecimento robusta e passível de ser replicada. Ivanir Cozeniosque, Luise Weiss, Marcio Périgo e Sérgio Niculitcheff acompanhados por seus alunos Andrea Thomazella, Danilo Perillo, Milton Torquato e Nori Figueiredo apresentam, juntamente com a mostra individual de Lygia Eluf, parte desta produção gráfica que está longe de se encerrar nesta escolha: muitos nomes e muitas obras certamente estão presentes no largo espectro que construímos.
Desta maneira, as obras enviadas para os dois países passaram a fazer parte de seus acervos e as obras recebidas na UNICAMP, passaram a fazer parte da coleção do Gabinete de Estampas.
Gabinete de Estampas.
Setembro, 2022.
É inevitável iniciar um texto como este, que revê uma experiência tão rica sem se referir à história que a ela conduz. Durante meu já longo período morando na Colômbia trabalhei em várias universidades do país. Em meus primeiros anos trabalhando na Universidade de Tolima conheci a estudante Angie Niño que mais tarde, e a partir de seu intercâmbio e pós-graduação na Unicamp, se tornaria a ponte para desenvolver este projeto.
Ao redor daquele tempo que se iniciou a realização do projeto curatorial, nasceu a semente de pesquisa da área gráfica GRApha no Departamento de Artes Visuais da Universidade de Antioquia, em sua Faculdade de Artes. Nesse momento um dos jovens pesquisadores, aluno da carreira de Licenciatura em Artes Plásticas, Álvaro Bottero, inicia uma pesquisa sobre o desenvolvimento da gráfica local em contextos problemáticos. Justamente em um momento em que começaram a ocorrer diferentes manifestações sociais que levaram ao fim atividades em muitas universidades do país.
O ambiente local, particularmente na cidade de Medellín, sempre foi condicionado por fenômenos territoriais e pelo exercício de diversas violências a mãos de diferentes organizações. Ao começar a rever as produções gráficas dos alunos, tanto atuais quanto as manifestações encontradas no acervo gráfico da Faculdade de Artes localizada no Museu Universitário, denota-se uma espécie de repetição temática daquele ambiente turbulento.
De tal maneira a exposição realizada em uma das salas do museu universitário Memoria, Territorio y Paisaje plantou no solo e repaginada em Digna Rebeldía (exposição na GAIA – UNICAMP), sinto que volto a abrir o campo de possibilidades para os licenciados e artistas em formação da universidade e da região, com essas possibilidades de novas conversas, trocas e pesquisas entre artistas de diferentes contextos e diferentes países. As narrativas das peças brasileiras contam histórias de possibilidades, de materiais e suportes diversos, pequenas e sutis narrativas de grande força e até mesmo o poder técnico de um trabalho rigoroso.