Pretty-Baby

Instalação apresentada na Galeria de Artes da UNICAMP – 10 a 26 de Abril de 1996.


PRETTY-BABY – MENINA BONITA

 

Meu trabalho artístico dos últimos doze anos tem sido alimentado por questões referentes ao feminino arquetípico, utilizando qualidades a ele atribuídas, tais como : alimentar, abrigar, transformar, enformadas em instalações , vídeos, arte telecomunicativa (slow-scan tv, fax, vídeo-texto, 3d computer-graphic animation).As observações de como a luz cor atua sobre as pessoas e sobre a natureza da experiência perceptiva com a magia que concede ao espaço, foram importantes no prosseguimento de minhas indagações, levando-me a um crescente envolvimento com essa densidade luminosa colorida.
Pretty-Baby-Menina Bonita” surgiu de minha revolta com a situação de milhares de meninas mantidas como escravas sexuais e , por extensão, com a inibição da liberdade humana, à qual a arte tem servido através dos séculos.

A intenção é de que esses sentimentos assumam uma forma poética, através de uma ocupação do espaço, onde a luz-cor predomina. A cor rosa-avermelhada remete à luz vermelha que tem sido uma chamada a lugares de prostituição. Essa conotação subjaz na ênfase dada às qualidades perceptivas do espaço, trazidas pela densidade luminosa, que o modela sensível e sensualmente .

O presente projeto é uma nova versão do apresentado na Pinacoteca do Estado de São Paulo e na Estação Luz do Metrô em 1993.

A instalação tem dois momentos : O primeiro consta de cinco lâminas em técnica mista desenho, foto, cada qual medindo 90×70 cm colocadas na parede.

Elas contém : Uma foto da autora quando criança e fotos de meninas de rua retrabalhadas e circundadas por uma bordadura apropriada dos Livros de Horas, dos monges medievais. Dentre os textos escritos em caligrafia manual, um deles, da autora, decodifica o assunto trabalhado:

Onze anos
Cem horas
Putescrava
Entre essas lâminas estão colocados quatro tubos de luz, de catodo frio, cor rosa forte, medindo cada 2,40m. É essa luz que une os dois momentos da instalação.A segunda parte da instalação consta de uma folha em acrílico jateado de 2,00×1,00 m montada como uma mesa, tendo um furo no centro pelo qual penetra um tubo de luz semelhante aos descritos. Esse tubo atravessa um cilindro grosso de parafina que suporta a mesa, criando uma translucência e alteração de cor.

Dos dois lados da mesa, no chão, estão dois duratrans, montados em caixas de luz, com a imagem de uma menina de rua e outra da artista quando menina. Delimitando toda a situação um círculo de pétalas de rosas vermelhas, naturais, que devem marcar o tempo com sua desidratação.

Anna Barros
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