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A Galeria da Unicamp apresenta a exposição coletiva “Loading…” propondo uma interlocução com os espectadores, promovendo a participação de sete artistas do centro-sul do país, para um encontro numa exposição de idéias e expressões. O que une o trabalho desses artistas é o relacionamento com o campo dinâmico da representação, num esquema que inclui a habilidade da transgressão poética e o enfrentamento de conceitos que foram sendo inscritos no tecido sensível das ocorrências da história da arte a partir do século XX.

Há o uso de uma política da ironia através dos ready-mades tropicalistas de André Ventorim, que constrói caixas/dispositivos para a prevenção contra uma infestação do campo imaginário, como nos objetos construídos por Cláudio Trindade que propõem compactação, ao mesmo tempo em que articulam uma metáfora de impossibilidade e resistência à própria funcionalidade dos objetos como coisas. Há também uma relação dialógica nas apropriações intertextuais de Manoela Afonso que, aliadas ao plano de uma utopia pessoal propõem recriação de modelos.

Cláudio da Costa inclui uma expressividade corporal aliando questões de pintura e processos de manipulação, ampliando a sua paleta com procedimentos que incorporam o universo digital aplicado ao suporte bidimensional. Márcia Radomille constitui uma pintura híbrida aliando procedimentos que são substanciados por um pensamento relacional, 

representa sistemas de comunicação que se propagam no etéreo e, ao mesmo tempo, seu trabalho é uma indicação à própria incomunicabilidade presente nas relações sociais.

O trabalho de Nenê Jeolás marcado pelas experimentações fotográficas, alia referências e performances, transita por questões de gênero e sexualidade, suas caixas luminosas apresentam uma complexidade tensa, onde há o sentido da presença através de uma corporalidade angustiada. Clélia Mello explora o suporte numérico de universos intersemióticos, tratando monemas como volume, inferindo, perscrutando o hipocampo construtivo, tratando de uma poesia que recria sua materialidade aliando o imaginado ao espaço da virtualidade que se materializa visualmente.

O pensamento poético nesta exposição se possibilita enquanto ancoragem empírica dos processos de cognição e de expressão do signo visual, tratando de relacionar procedimentos atualizados pelas mídias contemporâneas, pelos meios à disposição do artista. Enfim, “Loading …” é uma indicação do que está a abrir e assim, promove uma rede de complexidades que resolvemos considerar para provocar um encontro de processos e idéias.

Mauricius Farina