Paisagens e Naturezas mortas

Galeria de Arte IA/Unicamp
apresenta de 26 de junho a 18 de julho de 2008

PAISAGENS E NATUREZAS MORTAS

 

Gravuras e pinturas

de George Rembrandt Gutlich

 

 

matéria no Correio Popular

Tudo é natureza morta. Você é uma natureza morta. Seu cérebro: uma grande couve-flor

Horst Janssen.

A transição dos gêneros é o mote desta exposição. Dimensões aparentemente opostas, a intimidade dos objetos e a grandiloqüência do espaço da paisagem, tecem diálogos e inserem o imenso no diminuto.
Os processos tradicionais da pintura e da gravura remetem diretamente a uma temática contida nas naturezas mortas, objetos de atelier e brinquedos mesclados, que além de evocarem a temática clássica das “vanitas” (vaidades) aludem ao caráter lúdico do fazer artístico, suas ferramentas e procedimentos.
Sobre o gênero Paisagem este conjunto expõe cenas da várzea do rio Paraíba do sul, contidas no álbum de gravuras em metal intitulado “Vargem Grande” e cenas urbanos do potifólio “Ars Memorandi” cujos personagens são edifícios atópicos, embora contextualizados no mesmo recorte geográfico.

Em Naturezas Mortas são apresentadas gravuras em metal mais pinturas e xilogravuras contendo, de modo recorrente, associações entre objetos de atelier e brinquedos. Todas as obras foram realizadas entre os anos 1989-2008.


 


George Gutlich: O poder da expressão

 

A arte da gravura encontra em George Rembrandt Gutlich um representante visceral, daqueles que dedicam a sua vida não tanto ao desenvolvimento de um tema específico, mas sim ao aprimorar um pensamento e discutir questões técnicas tanto no ofício da feitura como no da impressão.

Seu ateliê em São José dos Campos, SP, funciona como centro de discussão de propostas estéticas e também de experimentação de formas de expressividade, em que alunos e professor debatem e trocam processos que podem levar a uma melhor realização de projetos individuais.

Do conjunto da obra de Gutlich, que também faz incursões pela pintura, há dois universos que se interligam em diversos aspectos, embora aparentemente afastados. O que eles têm em comum é justamente o princípio de que o amadurecimento plástico é uma constante e os melhores trabalhos não são os já feitos, mas aqueles que estão por vir, num autêntico e sincero caminhar.

Um universo do artista, nascido em São José dos Campos em 1968 e filho do pintor holandês Johann Gutlich, que veio para o Brasil no começo da década de 1950, é o que se alimenta de paisagens. São cenas urbanas, preferencialmente de galpões e ambientes semi-abandonados em que o foco é a arquitetura como um diálogo visual com o espaço.

A ausência do elemento humano surge como fato significativo na poética do artista. O que se tem é a exploração dos claros e escuros de modo a configurar um universo em que as áreas em branco ganham uma dimensão próxima ao metafísico, já que a discussão que se instaura é a da inserção das construções humanas no espaço e o seu abandono.

Quando se trata de lançar os olhos sobre o universo rural, é o banhado, região de São José conhecida pelas suas zonas encharcadas e a constante bruma matinal. Esta última ganha, na forma de expressão da gravura, várias conotações e visualizações, tanto no que diz respeito à questão ecológica quanto à oportunidade de exercitar-se tecnicamente, juntando o pensar bem ao saber fazer.

Um outro segmento de trabalhos, distinto no assunto, mas muito próximo em relação ao olhar lançado sobre referenciais concretos, é o que se volta aos brinquedos antigos, colocados nas mais diferentes composições, num exercício que se realiza na temperatura plástica de naturezas-mortas européias, mas com uma acurada pesquisa que passa pela discussão dos materiais e processos.

Com uma ampla cultura de referências visuais e de leitura, George Gutlich absorve idéias tanto do mundo greco-romano como do italiano. Isso pode ser comprovado na reflexão que interliga a Torre de Babel, de Pieter Bruegel, à paisagem ao fundo da Mona Lisa, de Leonardo da Vinci. Assim, cada nova pesquisa mantém das antigas as leituras e vivências como aluno, professor e autor, por exemplo, de Arcádia Nassoviana: natureza e imaginário no Brasil holandês.

É no universo das suas cartografias artisticamente transformadas que Gutlich perfaz sua caminhada pelas artes visuais. Como um de seus ícones preferidos da série das imagens inspiradas na infância, o ventilador, ele dissemina sua erudição, sensibilidade, poder expressivo, capacidade criadora e olhar treinado de impressor, em seu próprio trabalho e no de seus alunos, tornando-se um dos principais gravuristas, em talento e influência, de sua geração.

 

Oscar D’Ambrosio, jornalista e mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da UNESP, integra a Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA- Seção Brasil).


CURRICULUM RESUMIDO de GEORGE REMBRANDT       GUTLICH

São José dos Campos, 1968.

 

– Bacharel em Pintura pela Faculdade de Belas artes de São paulo, S.P. 1989;

– Especialista em Museologia, Instituto de Museologia de São Paulo, 1991.

– Mestre em Ciências Ambientais, Universidade de Taubaté, 2002.

– Doutorando pelo Instituto de Artes da UNICAMP, com tese intitulada: Teatro da Memória; a eloqüência das ruínas na paisagem urbana. A Partir de 2008.

 

Estágios:

– Serviço de restauro no Teatro Municipal de São Paulo, SP

– Setor de Museologia do Museu Lasar Segall, São Paulo, SP

 

Atividades docentes:

Professor na Oficina de Gravura da Fundação Cultural Cassiano Ricardo, São José dos Campos , desde 1991.
Professor da disciplina Plástica no Depto. de Arquitetura UNITAU – desde 1991.      
Professor nas disciplinas Estética I e II e de História da Arte, no Depto. de Arquitetura da UNITAU, desde 2001.

Membro participante do Núcleo de Preservação do Patrimônio Cultural e do Projeto de restauro do Solar da Viscondessa de Tremembé.

                              

Publicações:

– CD-ROM e catálogo : Johann Gütlich, o percurso do artista, 1997.                                

– Ensaio para a Revista Museu, 2003.
Livro Arcádia Nassoviana, pela editora Annablume, de São Paulo em regime de co-edição com a FAPESP, 2005.

-Revista brasileira de Psicanálise, São Paulo, 2006 e 2007.

 

Principais exposições coletivas:

– Galeria Volpi – 1985, 87 e 89

– Museu de Arte Contemporânea de Campinas – 1993

– Coletiva de Gravadores Paulistas – UNB – 1994

– Internacional Mail Art – Havana, CUBA – 1995

– Bienal de Santos – 1995                                                                                                

– Múltiplas Abordagens em torno da Gravura – Jacareí – 1998

Gravadores Joseenses – Universidade do Vale do Paraíba – 1999                                      

– Mostra Gravura Rio – Rio de Janeiro – 1999

– Cartografias Poéticas –Galeria Gravura Brasileira – São Paulo – 2000.
– Faculdade Santa Marcelina, São Paulo-2000.
– Museu Gran Vasco, Viseu, Portugal-2001.

– Brasilianische landschaft, Berlim, 2004.

– Homenaje al caracol, Guadalupe, Zacatecas, México, 2006.

 

Principais individuais:

– Galeria Entreartes – 1990

– Galeria Volpi – 1992

– Galeria do Sol – 1994

– Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo – Ibirapuera – 1995

– Sala especial no Salão de Artes de Jacareí – 1995

– Galeria SESC Paulista – 1997

– Arte Contemporânea do Vale do Paraíba – 1998

– Terceira Lição de História Natural, Galeria SESC, São José dos Campos-2001.
– Brinquedos, Sala Mário Lago, 2003.

– A Gravura em Metal, Galeria Augusta 664, São Paulo – 2003.

Novas aquisições, Museu nacional de Malta, Valletta, Malta, 2005.

 

Principais em Salões:

– Salão Nacional Universitário, Faculdade Santa Marcelina, São Paulo, S.P.88 e 89

– Mostra de Gravura Cidade de Curitiba – 1990

– Salão Paulista de Arte Contemporânea – 2000

Internationaal exlibris centrum – Sint Niklaas – Bélgica -2001 e 2003

– III Festival de gravura – Évora , Portugal – 2001

– First International Bienial of Mini Prints, Tetovo, Macedônia.-2001.

– Ural Print Triennial, República do Bashkortostão-2001.

– 11a Bienal Internacional de Gravura no Vale d’Oise, França-2002.

– Print Triennial, Majdanek, Polônia, 2003.

– First International Exlibris Competition, Ankara, Turquia,2003.

– Premio Acqui, VI Biennale Internazionale per l’incisione, concorso exlibristico, Acqui Terme, Itália,2003.

– Bienal de Cerveira, Portugal, 2005.

– Trienal de Lefkas, Grécia, 2005.

– Miedzynarodowe Biennale, Polônia, 2005.

– 4a Bienal da Gravura de Santo André, 2007

Salão de arte contemporânea de Santo André, 2008

Premiações:

– Salão Nacional Universitário, Faculdade Santa Marcelina, São Paulo,1988.

– Salão de Arte de Jacareí – 1o Prêmio – 1994

– Salão municipal de artes plásticas, Guaratinguetá-1o lugar-1995.

– Salão de Arte Contemporânea de Santo André – Prêmio Aquisição – 1996

– Salão de Arte Contemporânea de Ribeirão Preto – Prêmio Viagem – 1996

– 1a Bienal da Gravura , Santo André – Prêmio Edição -2001

Salão de Arte Contemporânea de São Bernardo, 2004.

– 4ª Bienal da Gravura de Santo André, Prêmio Vila de Paranapiacaba.

 

Trabalhos em Espaços Públicos                                                                                        

– Pintura   Mural na Casa do Médico – São José dos Campos, 1999.                                

– Prefeitura Municipal de Santo André, S.P.                                                                      

– Fundação Cultural de Jacareí., S.P                                                                                

– Florean Museum, Maramures, Romênia.

– Museu do exlibris, Ankara, Turkia 2003                                                          

– Museu Nacional de Malta, Valletta, Malta.2005

 

Curadorias:

– Coordenador do projeto extensionista Galeria Cubo Branco, pela PREX,no depto. de Arquitetura da UNITAU,2003.

– Leonino Leão, na Galeria Helena Calil, 2005.

– Gravura Paulistana: Imagem Informal, na Galeria Volpi, em 1998 e na Galeria Helena Calil, em 2006.

-“Cenários da Existência”, de Mário Lúcio Sapucahy, na Aliança Francesa, S.J.C. 2007.

 

Presente nas seguintes publicações:

MIRANDA, Artur Mário da Motta Miranda. Contemporary International Ex Libris Artists.Braga: Tipografia Abreu , Sousa e Braga. 2007.

LOUZADA,Júlio. Anuário de artes Brasil. São Paulo: Júlio Louzada, 1988 e 1998.