O que quis guardar…

A Galeria do Instituto de Artes da UNICAMP convida para a exposição:

O que quis guardar mais de perto
fotografias analógicas e desenhos. 2013.

Bianca Moschetti

Abertura: 18 de março, às 12h30.

Visitação: 18/03 a 04 de abril de 2014.

Local: Galeria do Instituto de Artes da UNICAMP
Rua Sérgio Buarque de Holanda, s/nº.
Térreo da Biblioteca Central “Cesar Lattes”
Barão Geraldo- Campinas/SP.
(19) 3521-6561 e 3521-7453. 2ª a 6ª, das 9h00 às 17h00.

Release

Após diversas experimentações com a fotografia analógica, suas possibilidades e questionamentos, aqui é sugerida uma relação de questionamento com a intimidade: das pessoas que quis guardar mais de perto registra amigos nus em suas casas, em atividades cotidianas e banais, em meio a conversas casuais.

Este trabalho é visto como um apelo à emancipação do corpo de todos os estereótipos, preconceitos e relações negativas com a pornografia que acompanham as representações contemporâneas do nu.

A série trabalha com a proposta de que as relações de afetos também sejam transmitidas pela troca de olhar entre o fotografado e o fotógrafo/espectador. Cria-se, então, um ambiente de intimidade e cumplicidade entre os dois personagens principais (fotografado e fotógrafo/espectador) em que a questão do estar nu se desloca para o segundo plano, dando lugar às trocas íntimas e afetivas.

É significativo afirmar que o fator unificador de todos os trabalhos são a apreensão e a transmissão de afeto e de todas as suas variações.

 

Bianca Moschetti
Graduanda do último ano de Artes Visuais na UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas, trabalha com pesquisa e investigações práticas sobre o nu e suas representações em fotografia e em desenho. Fez cursos extracurriculares sobre história da arte, curadoria, arte contemporânea e processos criativos. Expôs fotos e desenhos em São Paulo, Campinas (SP) e Búzios (RJ) e fez curadoria da exposição da I Mostra Livre de Artes Visuais do FEIA | SOMOS, em Campinas (SP).

 

TEXTO DA EXPOSIÇÃO “oquequisguardarmaisdeperto”, por Rafael Ciancio.
__________________________________
O vento através da porta
A rotina particular,
no interior do lar,
funde-se ao corpo
e pousa na pele
um novo olhar;
um gosto, um rosto
que se deixa capturar.

Há, no conjunto da exposição, tanto nas fotos quanto nos desenhos, um tempo lento que não se deixa acelerar, presente na respiração tranquila. As atividades cotidianas e genuínas retratadas transmitem uma sensação nada cotidiana, uma atmosfera peculiar na qual a nudez dos poros abertos inspira o ar da intimidade, tão rarefeito nos dias de hoje. As obras se colocam, ao mesmo tempo, como um convite ao bem estar, que a segurança da casa transmite e como um questionamento feroz à maneira como o corpo é enxergado e tratado dentro da lógica presente nos grandes meios de comunicação, que não poucas vezes lembra a lógica da mercadoria. Por observar de um ponto de vista que não permite massificar ou reduzir as formas humanas a uma imagem a ser consumida, pré-produzida, a exposição consegue expirar, se não uma solução, ao menos um ar novo ao corpo sufocado, na medida em que o expõe tão arejadamente. Não à toa, o expectador sente-se próximo às pessoas fotografadas e não será inesperado que alguns queiram levá-los para casa consigo. O que se reconhece é o ambiente familiar e daí a sensação de proximidade. Uma exposição muito interessante e pertinente para a atualidade, gostei muito de ter podido vê-la e a recomendo-a veementemente.