Alquimia e Vidro

Alquimia e Vidro. Espaços e limites entre matéria e imaginação.


Fernanda Casari

A exposição tem como objetivo levar ao público o que foi produzido durante o período do Mestrado.
A pesquisa da técnica de vitrofusão (fusing), apontamentos alquímicos que inspiraram estes objetos e o meu percurso de construção poética.
Todos os objetos apresentados foram executados com o uso da técnica de forno denominada vitrofusão ou fusing. Esta técnica consiste na criação de objetos executados a partir da sobreposição de camadas vidro. A união de dois ou mais vidros em uma espécie de “sanduíche”. Eles contam também com inclusões de materiais entre as camadas de vidro, principalmente elementos metálicos e esmaltes para fusão em vidro.
A pesquisa levou em consideração o comportamento dos materiais inseridos entre as camadas de vidro, as cores e reação dos esmaltes com os metais, os formatos do suporte, as maneiras e possibilidades de construção dos objetos, a partir da técnica trabalhada, que alcançassem resultados visuais desejados.
A Alquimia sempre foi um assunto me despertou mistério e encantamento. Na dissertação faço um breve levantamento histórico e foco em pontos que me levantaram questionamentos, principalmente em relação à prática alquímica.

Entendo a Alquimia como um conjunto de práticas e crenças onde se tinha como objetivo a transmutação de metais em ouro, a produção de um elixir para a longevidade mas, acima de tudo, a criação da Pedra Filosofal, ponto culminante da Obra. A Pedra Filosofal é entendida como a materialização de um processo prático que exige de seu criador uma relação íntima com o mundo natural. Uma relação que exige um olhar atento a Natureza, assim como uma união de conhecimentos sobre a matéria e espiritualidade. Uma forma de se relacionar com a matéria e uni-la às aspirações humanas imateriais.
Até hoje a Alquimia deixa seu rastro na química, na física, na psicologia, na filosofia, povoa o imaginário humano através de vários segmentos das Artes como a literatura, pintura, arquitetura, entre outros.

Deste universo destaco minha predileção por relatos dos alquimistas de momentos das fases da Obra Alquímica e pelas imagens alquímicas.

Planetas Minerais e Fases da Obra são as duas séries principais, que se aprofundam nesta temática .
A primeira relaciona os planetas alquímicos e seus correspondentes metais aos minerais de extração destes metais. Minerais estes que eram a matéria-prima dos alquimistas.A segunda série parte das perguntas: o que o alquimista realmente via dentro do ovo filosófico durante a preparação da Pedra Filosofal? Como eram estas transformações materiais? Porque ela instigava a enorme necessidade de símbolos presentes nas imagens?

As transformações são descritas e acompanhadas através de marcos de cores. E somente através da prática que é possível chegar à compreensão dos mistérios e a prática é marcada pelo conhecimento visual.
Em relação à construção poética não há o que dizer e sim ver. Para isso que existem as exposições. Diria apenas que entendo esta exposição como um feliz encontro do encanto com a pesquisa.