Entre Cantos e Janelas

Exposição na Galeria de Arte Unicamp/IA
02 a 23 de outubro de 2001

Caru Duprat

Entre Cantos e Janelas
caruduprat@uol.com.br

Defesa de Dissertação: 17/10 às 14 horas, Faculdade de Educação / Unicamp – leia matéria no jornal Semana da UNICAMP


“Arco-íris” – encáustica e batik – 2001

“Entre o dia e a noite” – encáustica e pintura direta sobre tecido – 2001
ENTRE CANTOS E JANELAS:
ARTE E ARTESANATO EM DISCUSSÃO
Este trabalho se propõe a discutir os limites entre a arte e o artesanato,
relacionando a visão contemporânea com a modernidade e a tradição.
A discussão tem como ponto de partida o processo de criação da autora, que se deu entre a arte e o artesanato. A partir daí, surgiram os conflitos que nortearam a elaboração deste trabalho.
pesquisa bibliográfica se desenvolve através do diálogo com as obras de Wassily Kandinski, Mário de Andrade, Gaston Barchelard e Maurice
Merleau-Ponty, e com os artistas, que conheceu durante o seu processo:
Evandro Carlos Jardim, Alice Brill e Ubirajara Ribeiro.
A esses se somam outros artistas e pensadores que, com seus trabalhos e 
reflexões, contribuem para a pesquisa visando a compreensão das especificidades de cada campo de conhecimento e o que eles têm em comum.
A pesquisa indica que a diferença entre a arte e o artesanato está na
função e no sentido e abre espaço para o trânsito entre os dois campos de conhecimento.

“Impasse II” – encáustica – 1988/2001

“Papel em branco” – encáustica – 2001

“Caixa de lápis de cor” – encáustica – 2001
VER E TOCARarte moderna modificou a relação com a obra de arte, ampliou a capacidade de ver e sentir, ao relevar a expressão de formas, texturas e matérias que até então não eram utilizadas.
A obra de arte se tornou um objeto que, além de ser visto, pode ser
experimentado pelos outros sentidos. A capacidade de ver e sentir foi
ampliada com a introdução de novas formas, texturas e matérias. Penetramos nas instalações e manipulamos objetos que se transformam diante de nossas intervenções.
Essa possibilidade de transformar a obra de arte em objeto, passível de ser experimentado pelos vários sentidos, leva-me a fazer um paralelo com o artesanato, que segundo Octávio Paz, antes de tudo é um objeto para ser visto e tocado.

“Horizonte entrevisto” – encáustica – 2001
“Feito pelas mãos, o objeto artesanal está feito para as mãos: não só
podemos ver como apalpar. A obra de arte nós vemos, mas não tocamos.
O
 tabu religioso que nos proíbe tocar nos santos(…) se aplica também nos quadros e esculturas. Nossa relação com o objeto industrial é funcional; com a obra de arte, semi-religiosa; com o artesanato, corporal. (Octávio Paz).
Em parte, a arte contemporânea desmistificou a obra de arte ao possibilitar o contato. O artesanato, neste sentido, é mais livre, e esse é um dos aspectos que atrai e que quero preservar em minha pintura: a relação corporal, o trânsito entre os sentidos, como diz Merleau-Ponty: é necessário ver com as mãos e tocar com os olhos.
Minha pintura tem essa característica, ela é para ser vista e pede para ser tocada, como se a visão dependesse do toque para alcançar a total dimensão.
É um corpo exposto. Para ser contemplado e tocado, pelo espírito e pelos sentidos.
“Ver não é tocar, mas o tato nos ensina o que é a visão e as coisas visíveis estão prometidas a tangibilidade (…). Um olho que apalpa cores e superfícies, num pensar que tateia idéias para encontrar uma direção de pensamento, numa idéia sensível que nos possui mais do que a possuímos, como o pintor que se sente visto pelas coisas enquanto as vê para pintá-las.
(Maurice Merleau-Ponty)

“Costurando as partes” – encáustica – 2001

“Entre cores” – colagem – 2001

“Contraste em preto e branco” – encáustica – 2001

“Entreaberto” – encáustica – encáustica – 2001