A Imagem da Memória

Memória e Criação
Essencialmente sou um pintor, trabalho a pintura sem ter vergonha de ser pintura, toda a minha produção artística tem como base a representação de imagens da realidade vivida e percebida. Sou adepto da manutenção de valores da representação, não me interessa o rompimento de modelos nos quais haja a supressão da imagem. Baseio-me em valores da tradição da pintura, não busco quebra de paradigmas e não me interesso por nenhum tipo de desconstrução da forma, por rupturas da técnica ou de materiais. Busco sim a construção da imagem e a organização das formas, estas lapidadas a partir de uma coerência interna. Faço uso freqüente da figura como representação simbólica da realidade concreta, a partir da observação e das relações de caráter afetivo para a construção de representações do imaginário pessoal, o qual, creio, tenha eco no coletivo.
Os temas que surgem da imaginação ancorada na realidade rememorada e também idealizada. Busco essas imagens na memória, imagens refugiadas nas lembranças, as quais emergem na forma de elementos carregados de sentido relacionado à minha vivência pessoal. Em uma primeira visão, essas imagens não possuem um encadeamento aparente, pois as escolhas são determinadas por critérios particulares e elas seguem uma lógica interna de natureza empática. As imagens surgem a partir da observação do real. A observação gera um conhecimento visual e materializa uma leitura, possibilitando um retrato da realidade intuída. A percepção do espaço circundante molda a minha abordagem artística, e o ato de olhar para a nossa volta é a matéria-prima para o surgimento do imaginário individual. A percepção acurada do que nos cerca direciona preferências do olhar e propicia a retenção de determinadas figuras, essa relação do contemplar o cotidiano, o torna mais rico, fornecendo um espaço para a articulação do visível por meio da representação.
As lembranças são elementos essenciais da minha poética, cada uma a sua maneira, são a matéria-prima da criação e estão completamente impregnadas no ato do fazer artístico. O passado vivido na memória revive em imagens poéticas no presente, transformando-se em alimento para a criação.
Sergio Niculitcheff 2009


sem título-acrílica sobre tela125x100cm-2009

sem título-acrílica sobre tela-145x125cm-2009

sem título-óleo sobre tela-90x90cm-2008

sem título-acrílica sobre tela-100x125cm-2009