Montanhas
Galeria de Arte da Unicamp
apresenta
LYGIA ELUF MONTANHAS |
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exposição: 04/03 a 05/04/2002 |
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óleo sobre tela 180x145cm
fotografia: Fernando Chaves |
ANOTAÇÕES SOBRE A PAISAGEM
série das montanhas
O termo paisagem traz em si uma ambigüidade: é o que vejo, é o que represento. Entretanto são duas coisas que se convencionou chamar de paisagem, durante séculos, com o desenvolvimento de códigos de representação específicos, refletindo um tipo de produção de diferentes épocas. A representação da paisagem é como um espelho do mundo: molda e reflete suas transformações, altera profundamente a maneira como o percebemos. Minha relação com as montanhas se dá, antes de mais nada, pelo modo amoroso: é uma relação entre a pura sensação e o métier controlado, é um passatempo para o espírito.
Quando iniciei a série das montanhas buscava capturar o espaço usando apenas a cor: a forma (do céu ou da montanha) seria reduzida à sua essência. As relações de luz seriam determinadas apenas pelo brilho de cada cor, sua densidade e transparência. Entretanto, nos desenhos quando buscava representar a essência dessa ambigüidade compreendi a importância da forma.
O que procuro é o limite: o mínimo. Nada que possa desviar ou seduzir o olhar. O que procuro é a linha que define, que resume, que revela. O que preciso é a cor exata capaz de construir esse espaço “entre”. A representação desse espaço é difícil pois a tendência a torná-lo figurativo é forte. Faço o possível para escapar disso sem perder a sensação do lugar, que é forte, intensa e presente. Descrevo dois movimentos: a montanha que se eleva tentando alcançar o céu e o céu que pousa sobre a montanha. A quietude da montanha distribui o céu, as nuvens, a chuva e brilha com o esplendor da luz. O céu esvazia o que está pleno e preenche o vazio.
Lygia Eluf
2002
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