Grupo Vanguarda – 50 anos
thomas perina – “circo na vila” (coleção arruda) foto: antonio scarpinetti |
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GRUPO VANGUARDA DE CAMPINAS
foto tirada em 1958 – acervo jornal Correio Popular, Campinas, SP |
Os artistas do Grupo Vanguarda:
MARIA HELENA MOTTA PAES
Natural do Rio de Janeiro (1937 – 2004). Iniciou sua vida artística com o surgimento do Grupo Vanguarda. Entusiasmada pela arte moderna, despertou a atenção pela qualidade de seus trabalhos e apoio aos novos artistas. Fundou, em 1961, o Grupo Hoje com jovens artistas. Realizou exposições no Japão e Estados Unidos. Possui obras nos acervos do Museu de Arte Contemporânea da USP, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Prêmios: XI Salão Paulista de Arte Moderna, V Salão de Arte Contemporânea de Campinas. Participou da VII e IX Bienal.
GERALDO DE SOUZA
Natural de Sumaré – SP (1922 – 1970). Muda-se para Campinas em 1950, onde vive até a sua morte. Aluno de Thomaz Perina, torna-se modernista, enveredando-se pelo caminho da pesquisa e experimentação. Inicia sua carreira participando do XIII Salão de Belas Artes de Campinas, que aconteceu no saguão do Teatro Municipal Carlos Gomes em 1956, quando recebeu menção honrosa. A partir daí seguiram-se muitos prêmios: 1º premio no XIV Salão de Belas Artes de Campinas (1957) e Premio aquisição no Salão Paulista de Belas Artes de São Paulo (1958). Participou do “Grupo Vanguarda” de Campinas, sendo muito respeitado pela classe artística. Conquistou outros prêmios importantes por todo o Brasil e foi destaque em várias Bienais de São Paulo e da I e II Bienal Nacional da Bahia (1966 e 1968).
GERALDO M. JÜRGENSEN
Nasceu em Campinas onde viveu até sua morte (1927 – 1993). Pintor, arquiteto, escultor, decorador, tapeceiro, cenógrafo e joalheiro. Pertenceu ao Grupo Vanguarda em Campinas e participou de inúmeras exposições coletivas e individuais no Brasil e no exterior. Conquistou vários prêmios e marcou presença na VIII, IX e XI Bienais de São Paulo.Deixou uma obra extensa, marcada pela ousadia e irreverência, sem limites entre o figurativo e o abstrato. Depois de sua morte foi criada a Fundação JÜRGENSEN (1997) em Campinas, onde está reunida a sua obra.
RAUL PORTO
Natural de Dois Córregos, São Paulo, (1936 – 1999). Radicou-se em Campinas em 1938, quando iniciou seus trabalhos ilustrando jornal estudantil, poemas e fazendo projetos gráficos. Participou da I Exposição de Arte Contemporânea de Campinas em 1957. No ano seguinte integra o “Grupo Vanguarda”, planejando e organizando suas exposições. Trabalhou com desenho, pintura, colagem e composição em tecidos sempre ligados à Arte Concreta e aos concretistas Waldemar Cordeiro, Hermelindo Fiaminghi e ao poeta Décio Pignatari. Realizou exposições coletivas e individuais em instituições nacionais e estrangeiras, obtendo vários prêmios em Salões e Bienais. Suas obras estão em acervos de Museus (MAC–USP/SP, MAM/SP, Galeria de Arte UNICAMP/IA, entre outros).
BERNARDO CARO
Natural de Itatiba, São Paulo, (1931 – 2007). Autodidata com início acadêmico seguido por pesquisas pelo movimento modernista de Campinas. Em 1964 juntou-se ao Grupo Vanguarda da cidade. Trabalhou como gravurista e professor desde 1954. Educador na UNICAMP, de 1979 a 1982, foi diretor do Instituto de Artes, unidade que ajudou a criar. Após esse período, entre 1983 a 1987, respondeu pela chefia do Departamento de Artes Plásticas desse instituto. Em 1983 assinou o projeto de formação do acervo da Galeria de Arte da UNICAMP – órgão no qual atuou inclusive como membro do conselho e grande incentivador. Participou de bienais paulistas e diversos salões de arte nacionais e internacionais. Suas obras pertencem a acervos no Brasil e no exterior. Professor aposentado da UNICAMP exerceu, paralelamente à sua produção artística, as funções de vice-cônsul honorário da Espanha em Campinas e região.
MÁRIO BUENO
Natural de Campinas, São Paulo, (1916 – 2001). Autodidata e ferroviário, começa a pintar paisagens em 1943. Sua amizade com Thomaz Perina – artista também autodidata – permitiu não somente idas a campo e periferia de Campinas na procura de um “clima de paisagem” mas discussões sobre a linguagem da pintura e pesquisas pictóricas resultando posteriormente em experiências que valorizavam a abstração. Foi membro do Grupo Vanguarda de Campinas (1958 – 1966). Participou de inúmeras exposições, coletivas e individuais, a partir de 1951. Em 2005, uma retrospectiva de sua produção ocorreu na Galeria de Artes da UNICAMP, revelando as obras de sua autoria que hoje são acervo da universidade. Na ocasião houve o lançamento do catálogo organizado por Geraldo Porto sobre a ´Coleção Mário Bueno´. Em suas pinturas, o uso de elementos intensamente gráficos como traços pretos e áreas demarcadas de cores terrosas uniformes reflete uma busca de toda vida: a constante investigação matérica e pictórica onde a observação da sua cidade são temas freqüentes.
FRANCO SACCHI
Natural de Milão, Itália, (1902 – 1972). Chegou ao Rio de Janeiro em 1948, fixando-se após três meses em Campinas. Em 1957, foi convidado a participar da I Exposição de Arte Contemporânea, no Teatro Municipal. Atuou no Grupo Vanguarda, participando de várias exposições. Sua produção abrangeu as artes plásticas, arte sacra e decoração em casas comerciais e interiores de igrejas. De posicionamento renovador, acreditava que o que diferenciava a pintura moderna da pintura acadêmica era a experimentação constante, a renovação das formas, processos e materiais. Participou de várias mostras individuais e coletivas nacionais e internacionais, obteve prêmios em Salões oficiais entre os quais: I Salão de Arte Moderna de Milão, Salões dos Independentes de 1946 e 1947 em Paris, I Bienal de Arte Moderna de São Paulo em 1951, Salão Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, Salão Paulista de Arte Moderna e Salão de Arte Contemporânea de Campinas.
THOMAZ PERINA
Autodidata, atua como pintor, desenhista, professor, cenógrafo, figurinista e decorador ao longo dos anos. Entre 1944 e 1964 deu aulas de pintura e desenho em seu ateliê e na Escola de Desenho e Tecnologia de Campinas. Participa da formação do Grupo Vanguarda em 1958, bem como do Museu de Arte Contemporânea de Campinas em 1965. Entre 1961 e 1975, participou do Grupo Hoje. Foi responsável pela ornamentação arquitetônica do Centro de Convivência Cultural de Campinas. Participou de importantes mostras por todo o Brasil, como no III Salão de Belas Artes de Campinas (1945), Salão Paulista de Belas Artes (1952) e Salão de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1960), sendo premiado várias vezes. Importante figura ligada ao cenário e vida cultural de Campinas onde vive e trabalha ainda hoje na Vila Industrial – bairro operário da cidade, criado no final do século XIX, às margens da ferrovia. Sua constante produção pode ser vista em espaços públicos e culturais, retrospectivas e mostras em que é convidado.
ENÉAS DEDECCA
Nasceu em Rio Branco / MG (1929) e mudou-se para Campinas ainda criança. Autodidata, inicia sua carreira na pintura acadêmica, com participação nos Salões Oficiais de Belas Artes. Temperamento pacato e acomodado, sua mudança do acadêmico para a pintura moderna deu-se mais lentamente que a de seus companheiros Perina e Bueno. Somente em 1960 integra-se ao Grupo Vanguarda, com paisagens abstratas. A participação no Grupo Vanguarda motiva-o a evoluir em suas pesquisas formais, descobrindo acidentalmente a colagem como elemento de pintura. A colagem caracterizou sua obra durante muitos anos, primeiramente usada como elemento aplicado sobre a tela, sem receber nenhuma alteração. Posteriormente, é aplicada à tela como elemento de textura, coberta por formas geométricas e pintura. Seu entusiasmo em sua fase moderna dependeu de sua participação no Grupo Vanguarda.
EDOARDO BELGRADO
Nasceu em Udine, Itália (1919). Estudou em Veneza, cursando arquitetura e Belas Artes, para instalar-se posteriormente em Trieste, onde monta seu primeiro estúdio, iniciando sua carreira na arte e na arquitetura, incluindo cursos e viagens por toda a Europa. Em 1953 vem para o Brasil e descobre em Campinas, um meio favorável para expandir seu arrojado entusiasmo pela cultura e pela arte moderna. Escreve na página Minarete, do Correio Popular, faz algumas exposições, até o histórico encontro com os artistas campineiros, na primeira exposição de arte contemporânea de Campinas. Seu desusado entusiasmo e sua segurança teórica sobre cultura e arte facilitaram um diálogo aberto com os artistas campineiros que vibravam ante a necessidade de marcar um posicionamento em relação ao ambiente cultural da cidade. Favorável à formação do grupo (que na realidade já existia), encaminhava as discussões para fixar um critério de organização e ação. Defendia a idéia de que todos deveriam ser rigorosos num ponto: nenhuma concessão ao academismo. Foi decisiva sua participação na criação do Grupo Vanguarda. Por motivos profissionais ligados à arquitetura, retorna à Itália em 1959. Volta a Campinas em 1979 para fazer uma exposição retrospectiva no Museu de Arte Contemporânea, quando foi possível confirmar que o seu entusiasmo em relação à arte não tem limites.
FRANCISCO BIOJONE
Nasceu em Campinas em 1934. Ainda criança, iniciou-se na pintura sob a orientação de professores acadêmicos. Rebelde, passou a pintar de uma forma particular, sem seguir as técnicas rígidas do academismo. Integrou o Grupo Vanguarda e tem seu nome citado na Grande Enciclopédia Delta Larousse, no Dicionário de Artes Plásticas no Brasil, de Roberto Pontual e em outras publicações de artes no Brasil, Estados Unidos e Europa. Possui obras nos acervos dos Museus de Arte moderna de São Paulo, Belo Horizonte, MAC de Campinas, Pinacoteca do Estado e em coleções particulares no Brasil e no Exterior. Prêmios no Salão Paulista de Arte Moderna e na Exposição de Aquarelas Brasil-México.