Abstração em Anatol

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Nascido na Polônia em 1913, Anatol vem para o Brasil, juntamente com sua família, em 1925. Seu nome emerge no cenário artístico nacional no início dos anos 1950, como um integrante do grupo Ruptura, formado por artistas concretos e liderado por Waldemar Cordeiro. Suas telas desse período, construídas a partir de traços precisos e pinceladas lisas, exemplificam o desejo do grupo de criar “uma arte nova para um país novo”, arte esta baseada em “princípios claros e inteligentes”. Ao final da década, porém, Anatol  mostra-se seduzido por uma abstração mais livre, na qual o uso da linha é praticamente abolido em favor da matéria e da cor. Figuras humanas emergem em suas composições, sem jamais afirmar-se plenamente. O artista expõe com freqüência em galerias e museus  e participa de importantes mostras coletivas (Bienais Internacionais de São Paulo, Bienal de Tóquio, Panorama de Arte Atual, entre outras). Em 1961, obtém o prêmio de melhor desenhista na VI Bienal de São Paulo. Sua obra foi objeto de análise de importantes críticos brasileiros, como Mário Schemberg, Mário Pedrosa e Wolfang Pfeiffer.

O recorte aqui proposto não tem a intenção de esgotar todas as possibilidades de leitura de seu trabalho nem tampouco afirmar sua filiação a um credo abstrato, mas busca evidenciar o intenso desejo de experimentação dos meios plásticos e da linguagem pictórica que pautou toda a sua carreira. De sua fase francamente figurativa, datada do final dos anos 1940, às telas de caráter geometrizante, construídas por cores vivas e pinceladas largas, que marcaram seus últimos anos, acompanhamos seu interesse pelo ofício do pintor e sua crença na possibilidade de criação de um mundo novo.

Maria de Fátima Morethy Couto
Antonio Carlos Rodrigues (Tuneu)

Maio de 2008