A Construção do Desenho…

 

MARLÍ GONÇALVES: “A construção do desenho a partir do espaço religioso”

As pessoas despertam meu olhar, meu interesse e minha reflexão. Sinto necessidade em observá-las, perscrutá-las para captar sua essência, compreender seu âmago. Das mais distantes às mais próximas, até mesmo as casuais: desde a infância essa observação me atrai. Entretanto isso nunca foi claro para mim. Quando iniciei o trabalho com o desenho, e a partir daí desenvolvi uma produção artística sistemática, percebi o interesse que tinha pela figura humana. Esse se tornou o assunto de minha observação e reflexão. Representá-la, a figura humana, de um modo real ou imaginário tornou-se o eixo principal de minha investigação.

No início as imagens demarcavam o limite entre dois territórios: o bem e o mal. Minha formação religiosa tem raízes profundas no catolicismo e a vivência com as imagens de santos, anjos e demônios povoavam minha imaginação. Tudo estava impregnado por essa dualidade.

As figuras que aparecem neste período são bizarras e alegóricas. São homens- animais, homens-demônios, homens e animais metamorfoseados que criam uma atmosfera de irrealidade e fantasia. Parte destas imagens são angustiadas e dramáticas. Alguns desses seres parecem lutar para adquirir existência, outros por sua existência excessiva ficam no limiar entre vida e imaginação.

O desenho, linguagem com a qual tenho mais afinidade, é denso e expressivo. As linhas e as manchas são marcadas pelo gesto intenso com grafite, nanquim, carvão, tinta e outros materiais.

Percebi então que representava um espaço “interno” que se desenvolvia a partir das sensações e vivências desse meu mundo. Meus demônios, tratavam de questões humanas, de um modo de me relacionar com o mundo exterior, com as pessoas reais.


leia matéria do Correio Popular

 

Defesa de dissertação de Mestrado em Artes:

dia 13 de fevereiro 2006 – 10 hs

Orientação: Profa. Dra. Lygia Eluf

Galeria: Rua Sérgio Buarque de Holanda, s/n°

Térreo da Biblioteca Central