Souvenirs
Galeria de Arte UNICAMP/IA
apresenta
SOUVENIRS
Fotografias de Fernando de Tacca
A série Souvenirs é um deslocamento de objetos aparentemente despidos de uma significação, para além de sua importância memorial ligado ao turismo e ao sentimento de passagem. No campo da cultura e da arte toma dimensões simbólicas no imaginário contemporâneo. As mudanças de lugar dos souvernirs os colocam em novas situações ampliando seu lugar no imaginário de seus referentes. Ao criar estranhamentos em contextos ampliados os souvernirs alçam novos significados e colocam ludicamente o espectador da imagem dentro do jogo de relações entre os objetos. A exposição é comemorativa dos 30 anos de fotografia de Fernando de Tacca e é composta por 30 fotos inéditas. A exposição Souvenirs foi recentemente escolhida pela curadora Rosely Nakagawa para participar das comemorações dos 10 Anos da FNAC no Brasil e vai ser exposta nas galerias de fotos das lojas no país.Souvenirs – Fernando de Tacca Galerias Fnac Brasil 17/08 a 14/09/2009 – FNAC BARRA 21/09 a 19/10/2009 – FNAC CAMPINAS 26/10 a 23/11/2009 – FNAC PORTO ALEGRE 30/11 a 28/12/2009 – FNAC PAULISTA 04/01 A 01/02/2010 – FNAC MORUMBI 08/02 A 08/03/2010 – FNAC CURITIBA 15/03 A 12/04/2010 – FNAC BRASÍLIA |
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“Tudo leva a pensar que existe certo ponto do espírito de onde a vida e a morte, o real e o imaginário, o passado e o futuro, o comunicável e o incomunicável, o alto e o baixo cessam de ser percebidos contraditoriamente.”
– André Breton, Segundo Manifesto do Surrealimo 1929
Que nostalgias estranhas essas fotos agitam para alterar nossa sensibilidade? Nelas, as composições possuem algo de clássico. Encerram, porém, dramas surrealistas que se desencadeiam e se dispersam. O guarda-chuva, a máquina de costura, a mesa de dissecação, no encontro fortuito que invocava Lautréamont, eram também souvenires.
Os objetos captados combinam entre si o enigma. Cada um está embebido em reminiscências, embora todos se apresentem sem nada de difuso ou de vago e que, em suas harmonias mais estranhas, movam em nós uma série de notas, de início claras. No entanto, elas se encadeiam, e prosseguem menos e menos distintas, em ecos que nos voltam mais e mais poderosos. O funcionamento simbólico se esgarça pela clemência do devaneio, pelo suave amálgama, num sonho um pouco sorridente.
Tal arte, o contrário da pura razão, é infinitamente sensível. Fotos captadas com uma curiosa nobreza que, por essa razão, nos comovem mais. Foram feitas com método, um método no qual repetição do procedimento revela-se por si só com candura. A grandeza dessa arte não é de ter lutado com a desordem ordenada, nem de tê-la vencido. É de irmanar-se a ela e propagar suas vibrações até nós.
Há uma nuança nessas imagens ordenadas com cuidado. Mas elas se justificam apenas pela própria evidência, ao mesmo tempo evidente e oculta. Acreditamos na capacidade explicitadora de nossos olhos; eis que essas fotos nos dizem: aquilo que mostramos está para além dos olhos.
Jorge Coli